Expresso 18 Dez 2010
Coisas que nunca deverão mudar em Portugal
Portugueses: 2010 tem sido um ano difícil para muitos; incerteza, mudanças, ansiedade sobre o futuro. O espírito do momento e de pessimismo, não de alegria. Mas o ânimo certo para entrar na época natalícia deve ser diferente. Por isso permitam-me, em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, eleger dez coisas que espero bem que nunca mudem em Portugal.
1. A ligação intergeracional. Portugal é um país em que os jovens e os velhos conversam - normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.
2. O lugar central da comida na vida diária. O almoço conta - não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente etc, tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família.
3. A variedade da paisagem. Não conheço outro pais onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior.
4. A tolerância. Nunca vivi num país que aceita tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX.
5. O café e os cafés. Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente.
6. A inocência. É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência.
7. Um profundo espírito de independência. Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente. Mas é e não é por acaso. No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista.
8. As mulheres. O Adido de Defesa na Embaixada há quinze anos deu-me um conselho precioso: "Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher". Concordei tanto que me casei com uma portuguesa.
9. A curiosidade sobre, e o conhecimento, do mundo. A influência de "lá" é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes. Portugal é um pais ligado, e que quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.
10. Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo. As coisas boas de Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho.
Então, terminaremos a contemplação do país não com miséria, mas com brindes e abraços. Feliz Natal.
Saúde e Paz a todos os visitantes desta página. Que os textos nela contidos possam suscitar em si, caríssimo leitor, "Ideias Positivas". Se preferir escrever um mail em vez de fazer um comentário, envie-o para: gandacaixa@gmail.com. E se, mesmo dessa forma, quiser ver o texto de seu mail publicado e manter o anonimato, escreva no final do texto: Anónimo
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Há crianças que não gostam do natal
A hora do recreio é para brincar. É o que se espera de qualquer criança num desses intervalos das aulas. Num determinado dia porém, duas meninas, de 11 anos de idade, pensaram em fazer algo diferente e puseram-se a escrever aquilo que pensam sobre o Natal. Que Deus abençoe as crianças.
«Dê um novo sentido ao seu Natal
Uma história que vos vou contar
espero que vos faça pensar
As compras são importantes
os efeitos é o fundamental
Mas que raio é isto do Natal?
As luzes brilham
A árvore é especial
Mas que raio é isto do Natal?
Andam todos mascarados
já parece Carnaval
Mas que raio é isto do Natal?
De um lado para outro
ninguém pára por um segundo
Será este o Natal ou a volta ao Mundo
Isto não é especial
porque nada tem Natal
Foi por o menino Jesus vir
Que o Natal começou a existir
Um menino nasceu
de uma Virgem de Branco Véu
Que nos veio salvar
E abrir as portas do céu
Este menino era Jesus
Que morreu por nós na Cruz
Para nos guiar na terra
E levar-nos no caminho para a luz
Isto sim é especial
Porque este é o verdadeiro sentido do Natal
O Natal não é só enfeitar e receber
Mas sim amar
E ter alegria de o viver»
Inês Fernandes & Inês Arnaut
«Dê um novo sentido ao seu Natal
Uma história que vos vou contar
espero que vos faça pensar
As compras são importantes
os efeitos é o fundamental
Mas que raio é isto do Natal?
As luzes brilham
A árvore é especial
Mas que raio é isto do Natal?
Andam todos mascarados
já parece Carnaval
Mas que raio é isto do Natal?
De um lado para outro
ninguém pára por um segundo
Será este o Natal ou a volta ao Mundo
Isto não é especial
porque nada tem Natal
Foi por o menino Jesus vir
Que o Natal começou a existir
Um menino nasceu
de uma Virgem de Branco Véu
Que nos veio salvar
E abrir as portas do céu
Este menino era Jesus
Que morreu por nós na Cruz
Para nos guiar na terra
E levar-nos no caminho para a luz
Isto sim é especial
Porque este é o verdadeiro sentido do Natal
O Natal não é só enfeitar e receber
Mas sim amar
E ter alegria de o viver»
Inês Fernandes & Inês Arnaut
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Será que alguém pode pôr um preservativo no nariz da Margarida Martins?
Por, Inês Teotónio Pereira (www.expresso.pt)
Há duas maneiras de agir contra a propagação da SIDA em África: distribuir preservativos e fazer o que a Igreja Católica faz.
A primeira é fácil mas ineficaz: distribuir preservativos é o mesmo que tratar com água uma gangrena ou tentar curar um cancro com aspirinas. Os resultados estão à vista e não são precisos mais argumentos. Combater a SIDA em África à custa dos preservativos é como disputar com uma bisnaga um duelo de pistola: é estúpido.
A Igreja Católica sabe disto melhor que ninguém: é a única instituição que verdadeiramente sabe do que fala porque trabalha no terreno, conhece os casos, as pessoas, as aldeias, as cidades, a miséria, os costumes e as crenças. Trabalha com todos, não só com os católicos, e em todos os países, que são quase todos anticatólicos. E trabalha no terreno há década e décadas: antes do Bairro Alto lisboeta ter nascido, já a Igreja tinha percebido a dimensão da tragédia.
Enquanto a Igreja trabalha no terreno, o pessoal do mundo civilizado tem insultado a Igreja Católica porque o Papa - este, o anterior, o anterior ao anterior e todos os outros - não mandaram distribuir preservativos como quem distribuí leite num campo de refugiados. E não o acusaram, por exemplo, de ser ineficaz no combate, nada disso: acusaram a Igreja de ser cúmplice. E porquê? Porque a Igreja optou, imagine-se, por estar com as pessoas, viver com elas, dar-lhes formação sobre a sexualidade, apoiá-las antes, durante e depois da doença e tratar cada caso como um caso. Uma trabalheira. E considerou sempre que o preservativo, no meio desta trabalheira, é apenas um recurso, não é uma doutrina.
Esta semana fez notícia o que o Papa disse numa entrevista que resume a estratégia de combate: "A mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. (...) Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade".
Uma trabalheira.
Há duas maneiras de agir contra a propagação da SIDA em África: distribuir preservativos e fazer o que a Igreja Católica faz.
A primeira é fácil mas ineficaz: distribuir preservativos é o mesmo que tratar com água uma gangrena ou tentar curar um cancro com aspirinas. Os resultados estão à vista e não são precisos mais argumentos. Combater a SIDA em África à custa dos preservativos é como disputar com uma bisnaga um duelo de pistola: é estúpido.
A Igreja Católica sabe disto melhor que ninguém: é a única instituição que verdadeiramente sabe do que fala porque trabalha no terreno, conhece os casos, as pessoas, as aldeias, as cidades, a miséria, os costumes e as crenças. Trabalha com todos, não só com os católicos, e em todos os países, que são quase todos anticatólicos. E trabalha no terreno há década e décadas: antes do Bairro Alto lisboeta ter nascido, já a Igreja tinha percebido a dimensão da tragédia.
Enquanto a Igreja trabalha no terreno, o pessoal do mundo civilizado tem insultado a Igreja Católica porque o Papa - este, o anterior, o anterior ao anterior e todos os outros - não mandaram distribuir preservativos como quem distribuí leite num campo de refugiados. E não o acusaram, por exemplo, de ser ineficaz no combate, nada disso: acusaram a Igreja de ser cúmplice. E porquê? Porque a Igreja optou, imagine-se, por estar com as pessoas, viver com elas, dar-lhes formação sobre a sexualidade, apoiá-las antes, durante e depois da doença e tratar cada caso como um caso. Uma trabalheira. E considerou sempre que o preservativo, no meio desta trabalheira, é apenas um recurso, não é uma doutrina.
Esta semana fez notícia o que o Papa disse numa entrevista que resume a estratégia de combate: "A mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. (...) Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade".
Uma trabalheira.
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