quarta-feira, 7 de maio de 2008

Água benta não!

Aconteceu há uns anos atrás. Poucos minutos faltavam para começar a Missa e, ao fundo da igreja, que era na verdade um espaço provisório até que fosse construída a igreja que hoje existe, junto à porta de entrada, chamou-me a atenção uma jovem senhora, não por ser desconhecida, pois nunca por ali a vira, mas por alguma outra razão.

Já não me recordo do que lhe disse quando me dirigi a ela, mas terá sido algo relacionado com o acolhimento que lhe quis prestar.

Momentos depois, porque eu tinha ido a outras salas, creio que, à procura de alguém que estava escalado para as leituras daquele Domingo, vejo-a no espaço que fazia de antecâmara a essas outras salas, ficando eu com a ideia de que talvez me tenha seguido, por eu ser a pessoa que lhe dera atenção e quiçá por ser isso mesmo que ela buscava.

Mal eu parei junto dela, sem que lhe tocasse, porque anteriormente tinha-o feito, cai no chão, como se tivesse desmaiado. Dois outros membros da comunidade foram solícitos a acudir, para ajudá-la a recompor-se.

Rápido nos apercebemos, porém, de que não se tratava de uma questão qualquer de saúde. A pobre começa a agitar-se e a emitir sons como um animal enraivecido, mas num timbre de voz que não era o seu, era mais grave.

Ali estávamos três, de entre os vários membros da comunidade empenhados nos vários serviços da paróquia, desde os litúrgicos à pastoral, mas que éramos acima de tudo três homens de oração. Talvez por isso tenha havido da parte de cada um uma resposta natural ao quadro que se nos apresentou, sem que aquilo nos espantasse, nem mesmo causasse uma grande admiração.

Começámos a rezar. Inicialmente, eu fiz oração mental, e sem conhecimentos ou preparação para tal, com alguma ingenuidade à mistura, sustentando-me apenas na fé da Igreja, ousei acreditar que podia ordenar ao mal que cessasse, em vez de fazer a oração de petição ou súplica ao Pai. Enquanto isso, e porque naquele pequeno grupo de três havia dois ligados ao Renovamento Carismático, um destes disse ao outro para rezarem em línguas, o que fizeram enquanto o terceiro evocava o poder de Cristo sobre o mal e a Sua vitória pela Cruz.

Creio que foi nessa altura que a criatura começou a rir-se e a fazer troça da cruz, não obstante o facto de já estar a ser empunhado diante dela um crucifixo. Foi nesse momento que, aquilo que até ali para mim era uma suspeita passou a certeza. Foi-me dado ver claramente quem tinha diante de mim, quando a criatura, com um orgulhoso tom de vitória, afirma alto e em bom som:

− O mundo é meu!... Quem Te crucificou fui eu! Eu, crucifiquei-Te! Eu domino o mundo! (1)

Iluminado pelo Espírito Santo ou por que visse que era tarefa demasiada para nós, um dos três pediu que trouxessem água benta, enquanto assistíamos àquela gabarolice. E quando estava para lhe ser administrada, sem que tivesse abrandado o empenhamento de cada um, o “discurso” foi interrompido pelas seguintes palavras:

− Isso não, água benta não!... Isso arde!..

E por desconforto, rejeição ou mesmo dor, quando recebeu a água benta, com um «aaah!…», contorcendo-se, deu por terminada a sua “apresentação”.

O que se seguiu foi para mim um momento comovedor. A pobre mulher, com voz suave e suplicante, começou a rezar o Credo, vindo a levantar-se como se nada tivesse acontecido, a não ser um aparente cansaço.

Procurei mais tarde saber desta filha de Deus, por me inquietar com o seu sofrimento. Soube que morava para os lados da pessoa que me disse conhecê-la, vindo depois a perguntar por ela aos vizinhos do prédio onde morava, que me disseram já não estar ali, que tinha sido internada no Hospital Júlio de Matos. Obviamente que não lhes disse nada sobre os motivos por que a procurava, dada tamanha incompreensão que hoje existe sobre a área da demonologia, para a qual muito contribui o modernismo (2) que se instalou na Igreja de Cristo e que chega mesmo a negar a existência do diabo, incorrendo em heresia quem tal coisa defende, ao negar um dos quarenta e três Dogmas (3) da Igreja.

Na minha paróquia, na altura, havia água benta para uso dos fiéis. A partir do momento que foi inaugurada a igreja, como parece acontecer em todas as igrejas mais recentes e até nas antigas mas com padres modernos (pese embora alguns já tenham mais do que idade para terem juízo), a água benta já não se encontra…

Depois do que acabo de expor, pergunto aos senhores bispos e aos senhores padres:

Quem é que se revela mais interessado em que não haja água benta nas igrejas? Porque não reparais então o mal, diminuindo assim o sofrimento de Nosso Senhor, que vos vê impedir os seus filhos de acederem a este sacramental e seus benefícios?

Vós, pregadores da Palavra, atendei ao pedido cada vez mais actual de S. Pio X, que, na sua ENCÍCLICA PASCENDI DOMINICI GREGIS sobre as Doutrinas Modernistas, aí vigorosamente condenadas, a todos diz: «Queira Deus secundar os Nossos desígnios, e auxiliarem-nos todos quantos têm verdadeiro amor à Igreja de Jesus Cristo».

Queira pois, algum de vós, curadores de almas, deixar-se mover pela compaixão em favor desta filha de Deus. Fico à espera de algum contacto, para o endereço indicado ao início da página.

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(1) A ordem das frases pode não ter sido exactamente a mesma.
(2) Para algum leitor menos esclarecido, Dogma é uma verdade declarada como tal pelo Sagrado Magistério da Igreja, depois de muito estudo, debate e oração sobre matéria até então controversa. Pode dizer-se, por isso, que é uma verdade revelada por Deus, como tal, o Dogma é imutável e definitivo (não pode ser revogado).
(3) Corrente teológica/filosófica condenada pela Igreja, que actua bem dentro do seu seio.

Onde estão os católicos?

Num país em que se diz que a democracia está solidificada há já alguns anos, aparecem uma ou outra vez leis completamente contrárias ao que seria uma verdadeira e respeitosa convivência entre os mais diversos ideais, sejam eles de ordem sociológica, política, ou religiosa.

Eu creio que democracia é o ter e usar de liberdade para agir, quando para isso se foi mandatado, não deixando nunca de respeitar e considerar ideias diferentes, decidindo sempre em favor da maioria dos interessados. Quando tal não acontece, os que parece até babarem democracia em seus discursos, são os maiores impostores, porque levaram aqueles que neles votaram a acreditarem que eram de facto democratas. O ser democrata implica a aceitação e a sujeição às inalienáveis regras ético-deontológicas que a democracia comporta, coisa que parece constatar-se no proceder dos nossos políticos apenas quando é para ficar bem na “fotografia”.

Assemelhando-se a realidade da vida política a um género desses concursos que têm passado nas televisões, será que o “público”, neste caso, entenda-se, os católicos, conhecendo cada vez melhor os vários “actores” concorrentes a “ficar no palácio”, vai continuar a votar na “família” que só representa muito bem quando se trata de tragicomédias, cantando também muito bem apenas e só no entender dos amigos? Será que da parte do “público” ainda ninguém se apercebeu de sinais claros de falta de seriedade para alcançarem os seus objectivos?

Veja-se uma situação no mínimo suspeita:

Quando decorria a campanha para o último referendo do aborto, contactei a Comissão Nacional de Eleições para me inteirar sobre a legalidade da constituição de uma mesa de voto numa freguesia, quiçá a mais populosa da área metropolitana de Lisboa. Perguntava eu à técnica que me atendeu, creio que, jurista, como era possível que uma mesa de voto fosse constituída só por elementos dos partidos que promoveram o Sim ao aborto. Depois de me ter sido explicado que as listas com os nomes dos membros das mesas de voto têm um prazo para poderem ser contestadas, foi-me ainda referido, como que para atestar da seriedade que estaria garantida na contagem dos votos, que há um elemento em cada mesa com a função de fiscalizar toda a contagem.

Depois de ter ouvido isto, tive que pedir desculpa à pessoa que me atendeu, por ter dado uma real e grande gargalhada e, justificando a dita, tive que lhe dizer que tal função ia ser desempenhada por uma pessoa que era apenas e só do Bloco de Esquerda…

Pois é, caríssimos leitores, com esta gente, primeiro foi a retirada dos crucifixos das salas de aulas, como se o povo português tivesse ficado de um momento para o outro todo convertido ao Islão; depois foi a história do primeiro referendo ao aborto lhes ter ficado atravessada, não descansando enquanto não demonstraram como “são de facto democratas” ao não aceitarem a decisão do povo, tudo tendo feito para levarem a sua avante; e a última, foi a lei que criaram para que seja retirado o nome dos Santos de todas as escolas…

Cá para mim, o Governo tem alguma secreta comissão de estudos que o informou que o insucesso escolar se deve a esse facto de muitas escolas deste país terem o nome de algum Santo. Se assim for, e se se descobriu que afinal o Santo cujo nome tenha sido dado a uma escola anda a importunar os nossos meninos que nela aprendem, sou de acordo que se corra com ele, ou então, se for caso disso, chamem a polícia!...

Não pensem que é o interesse pela política que me leva a escrever este texto, pois, política, é coisa que cada vez mais enjoo. O que me move é a defesa de valores que há séculos fazem parte da cultura de um povo religioso que somos; é o constatar que os católicos andam a ficar demasiado frouxos, como se, ser católico seja o mesmo que ser masoquista…

Não é, portanto, como cidadão, mas como católico que vos pergunto: como é possível que gente que tem como escola a maçonaria, como afirmou numa grande entrevista o Grão Mestre da Loja maçónica do GOL em 2002, e depois de já terem dado provas do seu ódio contra a Igreja, tenham sido eleitos com o voto dos católicos? Quem não conheça ainda as razões que os motiva, faça uma leitura breve da História desde a 1.ª República e verá que já o então discípulo de Satanás, o Ministro das Finanças e Ministro de Cultos, Afonso Costa, foi seu feroz perseguidor, chegando a afirmar: «Dentro de duas gerações, a Religião Católica terá deixado de existir em Portugal».

Que Deus se compadeça da nossa Pátria e ilumine as consciências cívicas de todos os que ainda se dizem cristãos, pois, quem se esforça por ser Cristão, com as dificuldades que muitas vezes isso implica, não pode carregar aos ombros um fardo que é tão pesado que o impede de caminhar.

Quando se descobre o erro, só não muda de ideias quem, cego pelo orgulho, não experimenta a simplicidade da razão.

J. A. S.

A astúcia da Clamídea

Aquilo que as notícias nos têm mostrado sobre os índices da criminalidade, são cada vez mais preocupantes. O crime com o uso de violência tem vindo a aumentar. Muitas escolas e áreas envolventes, devem estar em destaque nos mapas das forças policiais, por fazerem parte dos pontos críticos da sua área de actuação.

A criminalidade e a delinquência associadas a esses meios, têm sido responsáveis por muita inquietação nas famílias que tenham seus filhos ou netos a estudar em escolas algo problemáticas. O medo que se instala em primeiro lugar nos miúdos que já tenham sido vítimas de assaltos ou receio de virem a ser os próximos, e até mesmo nos próprios pais, é um facto que tem motivado debates e formas de acção com vista a controlar esse mal que afecta as populações escolares.

Face a esta problemática geradora de sentimentos de medo e insegurança, coloco ao leitor e às entidades responsáveis pela “educação (?...)” no meio escolar, a seguinte questão:

Se alguém tivesse a ideia de lançar uma campanha de sensibilização nas escolas para que as nossas crianças, adolescentes e jovens, conhecessem os métodos de actuação dos grupos que aterrorizam tanta gente, seria boa ideia?

Crendo que a esta pergunta poderia ter a anuência da maioria, continuo:

E uma vez reconhecida e validada a importância dessa campanha por parte do Ministério, alegando que o objectivo era dar aos miúdos todo o esclarecimento necessário, que acham se se avançasse para a apresentação de tudo quanto faz parte dos meios utilizados pelos grupos de vândalos e assaltantes? E querendo ser mais abrangente, que tal dar-lhes formação sobre os produtos utilizados nos bares e discotecas, usados muitas vezes para “adormecer” as vítimas de roubos e de violações? E à medida que os alunos fossem tendo capacidade para tal, porque não dar-lhes também formação sobre os vários tipos de objectos e armas que andam por aí a operar, pondo-os mesmo em contacto com elas, permitindo-lhes o seu manuseamento?

Calma!... Escusam de me chamar o que já estão a pensar, porque não pretendo propor esta “disciplina”...

Pois bem: passando deste “projecto” a um outro que foi apresentado aos pais que em Abril do ano passado estiveram na reunião periódica de encarregados de educação e que está a ser levado a cabo pela Universidade Nova de Lisboa, por ser um pai que se nega a estar de acordo com algumas “preocupações” que a União Europeia tem em relação aos educandos, “preocupações” também sentidas pelos nossos governos, contestei o plano de acção ou projecto apresentado.

Tendo-se apresentado na sala uma professora para pedir aos pais que assinassem um documento identificando-se a si e ao seu educando, declarando se autorizavam ou não que o aluno participasse numa acção de formação (?) sobre as doenças sexualmente transmissíveis, disse que os pais tinham que assinar, independentemente de autorizarem ou não, identificando-se a si e ao aluno. No final eu disse que, se não fosse uma falta de respeito para com ela, nem aquela folha preenchia. Em toda a sala, fui a única pessoa que se manifestou abertamente contra “as preocupações” que a professora disse haver no seio da U. E. e que estão na origem deste projecto.

Com a lição muito bem estudada, usou do engodo de enumerar algumas das doenças sexualmente transmissíveis, chamando, obviamente, a atenção para os perigos que elas podem comportar. E como que num gesto de xeque-mate à concordância dos pais, astutamente, à lista das vulgarmente conhecidas, acrescentou uma outra cujo nome escreveu no quadro: a Clamídea. E assim terá obtido a adesão de muitos pais, tanto naquela como em outras salas onde terá usado exactamente a mesma estratégia...

Explicando eu as razões pelas quais não autorizava que o meu filho participasse, disse em primeiro lugar que não estava nada preocupado com nenhuma doença sexualmente transmissível, nem mesmo com a Clamídea, cujo nome ali ouvi pela primeira vez, dado que a melhor preparação ou ensinamento que tenho dado aos meus filhos, é o próprio testemunho de vida, aproveitando para dizer:

− Em 82, estando na tropa, namorei com uma rapariga de quem gostava. Gostava-mos um do outro, mas a determinada altura concordámos em parar. Hoje posso olhar o marido dela olhos nos olhos, uma vez que, o gostar dela era para mim sinónimo de respeito, tendo terminado o namoro sem que lhe desse um beijo nos lábios.

Recorrendo a uma outra forma de cartada psicológica, a defensora do programa, querendo tocar o ponto fraco das pessoas, disse que teve conhecimento de que um jovem médico, hoje com SIDA, contraíra a doença no seu primeiro ano de universidade...

E aquilo não poderia ficar sem mais uma intervenção minha, que poderá ter chocado algumas sensibilidades − e estou certo que chocará a de alguns leitores −, ao dizer:

− Olhe... não tenho pena nenhuma!... Teria pena desse jovem, se me dissesse que, por via de um acidente, por causa de uma cirurgia ou assim, tivesse sido infectado, agora por quem pratica sexo antes ou fora do casamento... não tenho pena nenhuma! A prática sexual não tem contra-indicações no matrimónio, dando até beleza e tempero à relação, fora disso, quem pisa o risco que assuma as consequências!... (Quem não me conheça bem dirá que isto não são palavras de uma pessoa que sofre com os problemas dos outros, mas uma coisa é a atitude cristã para com quem errou, outra coisa é tolerar o erro, que quase sempre tem uma abrangência que conduz a uma chaga para os mais próximos e até para a própria sociedade).

Em jeito de resposta à minha intervenção, apenas uma mãe tomou a palavra para dizer que estava de acordo comigo, porém, chamou-me a atenção para o facto da existência dos problemas que não podemos ignorar...

E agora, digo eu: lá isso é verdade! Mas acham que o problema se combate ensinando tudo às crianças? Permitindo programas escolares que não servem para outra coisa senão ao incitamento da prática sexual?

Os pais e demais educadores em geral, ao permitirem estas políticas anti-natura, estão a fazer exactamente o mesmo que faria aquele pai, a cujo filho, só porque o seu grupo de amigos costuma fugir com uns carros, era ensinado um melhor conhecimento dos veículos automóveis, assim como todas as artimanhas para evitar ser apanhado pela polícia, uma vez que ainda é menor... Não digam que não é a mesma coisa, porque é! O princípio é exactamente o mesmo. Se a este hipotético jovem se lhe dava o conhecimento para não ser apanhado pela polícia, aos verdadeiros ensina-se-lhes a precaverem-se para não serem apanhados por uma doença...

Onde está a vossa coerência, ó pais e educadores em geral? Como é que não concordam com a “ideia” atrás apresentada, argumentando que isso seria um incitamento disfarçado ao uso de armas, e não se manifestam contra aquilo que astutamente é apresentado como programas de “educação” sexual?

Quanto às leis civis, o seu desconhecimento não iliba ninguém do seu cumprimento nem livra da pena a aplicar. Quanto à Lei de Deus, que ninguém pense que, pelo facto de um Estado tornar lícito o pecado, vai ser dispensado da Justiça Divina. Nesse Tribunal, de nada vale dizer que, “toda a gente fazia... era legal”, etc., etc.