Quarta-feira, 13
de Abril de 2011. Aproximando-se a hora da catequese de adultos, a Cristina, no
momento em que estava a ser internada no hospital, informa o catequista da sua
impossibilidade em estar presente, pedindo ao mesmo tempo a sua oração.
Ao iniciar a catequese,
que sempre começa com oração, aproveitou mais uma vez o catequista para falar
da importância da oração comunitária ou em grupo, pedindo que apresentassem aquela
necessidade a Nossa Senhora, confiando que Ela saberia completar o que à oração
deles pudesse faltar, e assim a levar com Seu perfume a Seu Filho Jesus.
No dia seguinte,
o catequista telefonou à Cristina, ficando a saber que se encontrava no
Hospital dos Lusíadas. Sexta-feira à tarde lá a procurou e fez-lhe uma visita.
No decorrer da conversa, o catequista, dirigindo-se a uma senhora que com ela
compartilhava o quarto, perguntou-lhe se não estaria a incomodá-la com a
conversa, por perceber nela algum mal-estar. Respondeu-lhe a senhora que não,
que até estava a gostar muito de ouvir. Foi então quando a Cristina explicou
que ela estava muito nervosa…
Voltando-se o
catequista da Cristina para a senhora, com ela estabeleceu um curto diálogo enquanto
ela esperava que a fossem buscar para o bloco operatório. O seu interlocutor
ficou a saber do historial de operações por que já tinha passado, por mais do
que um cancro, percebendo claramente que o que mais a preocupava nem era tanto
a saúde do corpo, mas da alma. Depois de lhe perguntar o nome, disse-lhe o
visitante: - D. Isabel, saindo daqui, vou direitinho àquela pequena casinha
onde Jesus está escondido para Lhe falar de si.
Entretanto
entram no quarto dois profissionais de saúde para a levarem para o bloco; mas
como tinham antes que preparar a senhora, disseram à visita para sair. Antes,
porém, dirigiu-se ele à D. Isabel para dela se despedir, e, pensando que a
estava a abraçar, sentiu que ele é que estava a ser abraçado. Entre o primeiro
e o segundo beijo que deu à pobre senhora, aproveitou para lhe dizer: - Sossegue,
D. Isabel, esteja sossegada... porque a inquietação era evidente.
Alguns momentos depois
saíram do quarto com ela, na maca, mas a D. Isabel não chegaria ao bloco
operatório sem antes voltar a cruzar o olhar com aquele desconhecido que no corredor
a esperava. Não houve mais palavras dirigidas àquela sofrida filha de Deus,
apenas um olhar envolto num ligeiro sorriso. Um olhar capaz de transmitir o
sentimento de maior ternura, e por isso, logo seguido de um limpar de lágrimas
que quiseram assomar-se à sua “janela”...
Regressando do
hospital, o visitante acabou por não cumprir exactamente como prometera, o ir junto
do sacrário apresentar as necessidades daquelas doentes, porque a hora já ia
adiantada, e só na Santa Missa pode falar a Jesus da D. Isabel e da Cristina.
Dias depois (dia
21, Quinta-feira Santa), quando o catequista perguntou à Cristina pela D.
Isabel, disse ela que as palavras e o abraço que a doente recebera surtiram
nela um efeito mais potente do que qualquer medicação, na medida em que, no
bloco operatório, nem o facto de ouvir falar nas brocas necessária à operação a
deixaram mais ansiosa, porque se sentia inundada de uma grande paz e
serenidade…
Caríssimo leitor, como vê, nós
podemos ser portadores dos efeitos que nem a medicação consegue… Cada baptizado,
se não for mero praticante de religião e fizer dela o caminho para encontrar
Deus, há-de sentir Deus em si, e nessa altura será o bálsamo para as feridas dos
que com ele se cruzam nas esquinas da vida. Por este episódio se vê que até nem
custa nada… Sabemos bem que a nós nos pode parecer coisa insignificante, mas como
quem melhor pode avaliar é quem recebe, mesmo que nos pareçam migalhas não as
desperdicemos, dado que há famintos para quem umas migalhas fazem toda a diferença
entre o nada e alguma coisa.