terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Mensagem do Embaixador da GB ao deixar Portugal

Expresso 18 Dez 2010

Coisas que nunca deverão mudar em Portugal

Portugueses: 2010 tem sido um ano difícil para muitos; incerteza, mudanças, ansiedade sobre o futuro. O espírito do momento e de pessimismo, não de alegria. Mas o ânimo certo para entrar na época natalícia deve ser diferente. Por isso permitam-me, em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, eleger dez coisas que espero bem que nunca mudem em Portugal.

1. A ligação intergeracional. Portugal é um país em que os jovens e os velhos conversam - normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.

2. O lugar central da comida na vida diária. O almoço conta - não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente etc, tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família.

3. A variedade da paisagem. Não conheço outro pais onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior.

4. A tolerância. Nunca vivi num país que aceita tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX.

5. O café e os cafés. Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente.

6. A inocência. É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência.

7. Um profundo espírito de independência. Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente. Mas é e não é por acaso. No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista.

8. As mulheres. O Adido de Defesa na Embaixada há quinze anos deu-me um conselho precioso: "Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher". Concordei tanto que me casei com uma portuguesa.

9. A curiosidade sobre, e o conhecimento, do mundo. A influência de "lá" é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes. Portugal é um pais ligado, e que quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.

10. Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo. As coisas boas de Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho.

Então, terminaremos a contemplação do país não com miséria, mas com brindes e abraços. Feliz Natal.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Há crianças que não gostam do natal

A hora do recreio é para brincar. É o que se espera de qualquer criança num desses intervalos das aulas. Num determinado dia porém, duas meninas, de 11 anos de idade, pensaram em fazer algo diferente e puseram-se a escrever aquilo que pensam sobre o Natal. Que Deus abençoe as crianças.

«Dê um novo sentido ao seu Natal

Uma história que vos vou contar
espero que vos faça pensar
As compras são importantes
os efeitos é o fundamental
Mas que raio é isto do Natal?

As luzes brilham
A árvore é especial
Mas que raio é isto do Natal?

Andam todos mascarados
já parece Carnaval
Mas que raio é isto do Natal?

De um lado para outro
ninguém pára por um segundo
Será este o Natal ou a volta ao Mundo

Isto não é especial
porque nada tem Natal

Foi por o menino Jesus vir
Que o Natal começou a existir

Um menino nasceu
de uma Virgem de Branco Véu
Que nos veio salvar
E abrir as portas do céu

Este menino era Jesus
Que morreu por nós na Cruz
Para nos guiar na terra
E levar-nos no caminho para a luz
Isto sim é especial
Porque este é o verdadeiro sentido do Natal

O Natal não é só enfeitar e receber
Mas sim amar
E ter alegria de o viver
»

Inês Fernandes & Inês Arnaut

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Será que alguém pode pôr um preservativo no nariz da Margarida Martins?

Por, Inês Teotónio Pereira (www.expresso.pt)

Há duas maneiras de agir contra a propagação da SIDA em África: distribuir preservativos e fazer o que a Igreja Católica faz.

A primeira é fácil mas ineficaz: distribuir preservativos é o mesmo que tratar com água uma gangrena ou tentar curar um cancro com aspirinas. Os resultados estão à vista e não são precisos mais argumentos. Combater a SIDA em África à custa dos preservativos é como disputar com uma bisnaga um duelo de pistola: é estúpido.

A Igreja Católica sabe disto melhor que ninguém: é a única instituição que verdadeiramente sabe do que fala porque trabalha no terreno, conhece os casos, as pessoas, as aldeias, as cidades, a miséria, os costumes e as crenças. Trabalha com todos, não só com os católicos, e em todos os países, que são quase todos anticatólicos. E trabalha no terreno há década e décadas: antes do Bairro Alto lisboeta ter nascido, já a Igreja tinha percebido a dimensão da tragédia.

Enquanto a Igreja trabalha no terreno, o pessoal do mundo civilizado tem insultado a Igreja Católica porque o Papa - este, o anterior, o anterior ao anterior e todos os outros - não mandaram distribuir preservativos como quem distribuí leite num campo de refugiados. E não o acusaram, por exemplo, de ser ineficaz no combate, nada disso: acusaram a Igreja de ser cúmplice. E porquê? Porque a Igreja optou, imagine-se, por estar com as pessoas, viver com elas, dar-lhes formação sobre a sexualidade, apoiá-las antes, durante e depois da doença e tratar cada caso como um caso. Uma trabalheira. E considerou sempre que o preservativo, no meio desta trabalheira, é apenas um recurso, não é uma doutrina.

Esta semana fez notícia o que o Papa disse numa entrevista que resume a estratégia de combate: "A mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. (...) Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade".

Uma trabalheira.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Inscreveram-se na catequese de adultos e foram apanhados

Alguns apenas queriam ser padrinhos ou madrinhas e acabaram apanhados por uma força à qual não opuseram resistência, a força do Amor. Rendidos a essa Força, passaram a ver com outros olhos os caminhos até aí percorridos. Descobrindo a mão de Deus que os ampara, lançaram-se nas águas do Espírito. Daí em diante não conseguiram conter-se e, falando dessa paz e alegria interior, procuram que outros também sejam "apanhados". Estou a falar de um grupo de adultos que no passado ano pastoral (2009/10) frequentou a catequese para se prepararem para a recepção dos Sacramentos da Iniciação Cristã. Eis excertos de alguns testemunhos:

Consequência de alguma falta de acompanhamento e incentivo na vida Cristã, e de algum atrito com o Padre na paróquia à qual pertencia (que passava o tempo a gritar e ralhar na Catequese com os jovens do grupo), a minha vida Cristã era praticamente nula. Acreditava que para estar com Deus bastaria acreditar na sua existência e conversar com Ele, sem recurso a interpostas pessoas.

(…) Com esta experiência da Catequese de Adultos, muita coisa mudou na minha vida, aliás, percebi que não era só o meu filho que precisava de ser encaminhado nessas ditas linhas básicas, eu também necessitava de rever toda a minha estrutura de vida, o que veio a acontecer de um modo natural e gratificante.

Tornei-me numa pessoa que tenta ter o cuidado de pensar duas vezes antes de falar, tenta compreender independentemente das situações, em que julgar é algo que me passou a assustar e que decididamente não tenho o direito de fazer, algo que quero enquanto ser humano evitar a todo o custo, dá-me muito mais prazer ajudar os outros em vez de viver à sombra do típico desgraçadinho, cuja vida nunca corre bem, poder fazer o bem sem exigências aos outros.

Passei de um estado em que me tinham diagnosticado cansaço e uma quase depressão, a uma fase de paz interior.

Esse aumento de segurança, auto-estima ou mesmo reforço dos meus “pilares”, do meu eu, reflectiu-se em todas as áreas da minha vida. Profissionalmente o trabalho deixou de ser um fardo, passou do objectivo principal que me tirava o sono a algo a cumprir dignamente; emocionalmente, consegui começar a acreditar que vale a pena crer num futuro, numa família (tornou-se mesmo o meu principal objectivo de vida); socialmente, a solidão foi substituída pela vontade de ajudar o próximo, originando muitas situações em que ouvi as palavras: “parece que tens sempre as palavras certas”.

“Parece que tens sempre as palavras certas”, algo que comecei com o início da catequese a pedir a Deus, que me dotasse de assertividade, amor e compreensão pelo próximo, e me permitisse acabar com o meu lado egocêntrico.

Aquando da cerimónia de reconciliação, e após ter feito algo que não fazia talvez desde os meus 8 anos, confessar-me, essa paz de espírito e todos os momentos gratificantes intensificaram-se, assim como a minha vontade de agradecer a Deus muitos dos momentos que tenho vivido. (…)

* * *

(…) Recebi imensas Graças desde que iniciamos a Catequese, sinto-me uma pessoa mais liberta de um passado penoso, pronta para viver o presente em plenitude, com muito orgulho na fé que sinto, orgulho na minha familia, familia directa, nos amigos que encontrei neste grupo que são pessoas extraordinárias, na Comunidade da Paróquia da Ramada e nos seus representantes, e em todo os esforços que têm desenvolvido e que desconhecia. (…)

* * *

(…) Com os preparativos para o Baptismo soube que para ser madrinha tinha de ter recebido o Crisma.
E agora?... Sou só testemunha?! Não. Eu quero ser madrinha. Quero assumir essa responsabilidade, e que responsabilidade!……
Foi então que voltei à catequese e conheci o José Augusto e um grupo enorme de pessoas que iriam fazer parte da minha vida.
No primeiro dia de catequese saí com uma vontade que à muito não sentia, pelo menos daquela forma. Senti de tal forma que falei com (…), e disse-lhe para ir também, pois achava que era das coisas preciosas que algum dia poderíamos partilhar, descobrir Deus.
Posso afirmar que estou surpreendida com muitas coisas, mas principalmente comigo. Não foi assim tanto tempo, passou depressa, mas cresci tanto que não consigo dimensionar. A calma e a serenidade tomaram conta da minha alma, o meu Anjo da Guarda, parece que o vejo sorrir ao meu lado. Mas principalmente apercebi-me do que é realmente viver e sentir Deus, o Amor de Deus.
Tenho de admitir que não foram só as sessões das quartas-feiras, nunca tinha pesquisado tanto e lido tanta coisa sobre a Religião Católica, sobre Jesus Cristo, sobre Deus.
Fiz uma lavagem aos meus conhecimentos, aprendi muita coisa e percebi muita coisa, que desconhecia ou não queria ver, às vezes é mais fácil.
Sinto que desde então é diferente, porque como o Zé disse enquanto desconhecemos não é pecado, desde o momento em que passamos a ter conhecimento as coisas complicam-se mais….
Muita coisa mudou, um exemplo muito simples, passei a receber na minha caixa de email todos os dias o Evangelho quotidiano, acreditam que leio com outros olhos?! Recebo a mensagem de maneira diferente daquela que receberia à alguns meses atrás! É a mensagem de Deus a passar. O meu coração abriu-se para Deus mais do que nunca. Sei que a caminhada não é fácil, mas mais do que nunca tenho vontade, vontade de conhecer, vontade de aprender, vontade de passar a palavra. Isto tudo, sabem porquê? Porque me sinto com Deus.
Eu que vinha só para ser Crismada para poder ser madrinha… descobri um Novo Amor. O Amor de Deus.

* * *

(…) Entrei para a catequese para fazer o crisma para poder ser madrinha e nada mais que isso, mas com o passar do tempo senti que não estava ali por acaso, foi Deus que me levou até lá. Percebi isso quando o Zé disse que por vezes temos que passar por dificuldades e sofrimento para nos tornarmos mais fortes, essas palavras deram-me mais força para encarar o meu problema e voltar a acreditar em Deus. (…)

* * *

Esta catequese fez-me acordar, suscitar de novo o interesse e admiração por Deus e pelas coisas de Deus, que no fundo é a nossa vida e tudo o que está à nossa volta.
Espero que Deus me dê a força necessária para ser melhor cristão do que tenho sido até aqui, a sapiência para poder transmitir ao meu filho os valores que Deus nos transmitiu, e o possa ver crescer ao lado de Cristo.

* * *

(…) Quis o Senhor que por um conjunto de circunstâncias e coincidências, que vejo hoje que não o eram, que me visse “obrigada” a regressar à catequese para poder ser madrinha de uma criança linda cujos pais me escolheram para baptizar. (…)
Pensei, antes de ir à catequese pela primeira vez, que nada em mim ia mudar, que a minha fé era e seria a mesma coisa antes ou depois da catequese, enganei-me.
Percebi desde o primeiro dia que alguma coisa em mim ia mudar, percebi desde que entrei na sala da nossa catequese pela primeira vez que não estava ali por uma coincidência ou por um acaso.
Vejo hoje que o amor de Deus me chamou de volta, vejo hoje que andei tão perdida sem o saber. Andei perdida mas a acreditar que estava certa e sem a noção de que estava tão longe D’Ele.
Vejo hoje que o Senhor me ama muito mais do que eu revelei merecer por toda a minha vida e acima de tudo vejo que vivemos todos com os corações trancados ao amor de Deus e abertos para receber calorosamente todas as tentações do mundo.
Em alguns momentos, no decorrer da nossa catequese, meditei sobre o que estava a mudar em mim, percebi que tinha de ultrapassar uma resistência interna que me coibia de me deixar avassalar pelo amor de Cristo.
Percebi que o amor de Cristo nos chama a todo o instante, que se revela em todas as coisas e percebi que só não O vemos porque não queremos. Percebi, do mesmo modo, que o mundo tudo faz para nos afastar da Sua luz.
Vejo hoje que sabia muito pouco, que continuo a saber muito pouco sobre a nossa fé, sobre a nossa Igreja, sobre a mensagem de Amor que Cristo nos deixou. Sinto e sei que preciso saber mais, que preciso ler mais, meditar e rezar mais e sinto tudo isto não pela curiosidade de uma investigação académica mas de uma necessidade interior que me impele.
A leitura do compendio do Catecismo e de todos os textos da nossa catequese alimentam a minha fome de paz, percebo hoje que a minha inquietude de viver tinha e tem uma razão, percebi que buscava no mundo a paz que só Ele tem para me dar.
Sinto hoje, agora e a todo o instante que não vou conseguir voltar a viver afastada da oração, afastada da Luz. E quanto mais me apercebo disto mais o coração me dói por tomar consciência do quanto Ele me ama sem eu merecer.
Percebo agora que a emoção que sempre senti dentro de qualquer Igreja não era senão o Amor de Deus que me chamava e que eu não ouvia porque estava convicta que estava certa na minha forma de viver a fé. Era a arrogância da minha ignorância que fechava os meus olhos e os meus ouvidos.
Esta sensação, que se tornou uma certeza, ainda ficou mais evidente quando comecei a falar da catequese no meu trabalho e senti que as colegas não se retraiam de falar como esperava mas, pelo contrário, partilhavam cada vez mais a sua forma de viver a fé.
Durante a visita de Sua Santidade a Portugal pensei ir a Fátima na noite de 12 Maio mas como tínhamos catequese optei por não ir. Quis o Senhor que na minha ausência uma amiga, que há tanto tempo se afastara da Igreja, se sentisse impelida a ir por me ouvir dizer que iria se não tivesse catequese. A emoção de a ouvir dizer: “tu não vais, mas eu vou, sinto que tenho de ir” foi tão inesperada e autêntica que não consegui conter as lágrimas. Senti naquele instante que foi Nossa Senhora que a chamou e fiquei tão feliz de ela ir a Fátima como se fosse eu própria.
Quem procura a verdade, procura Deus ainda que não o saiba… e eu não sabia.

* * *

(…) Mas sabe José quando temos algo tão constante na nossa vida, tão seguro, tão “nosso” que o damos por garantido? E então deixamos de o valorizar, de o acarinhar, de o alimentar. Foi isto que eu fiz com o amor de Deus por mim.
E fui em busca dos meus sonhos. O curso superior, o carro, o namoro, a casa, o casamento, o trabalho. Alguns tornaram-se realidade. Mas desde os 19/20 anos, que sentia um vazio em mim, quase palpável e que, subtilmente, foi-se sobrepondo a tudo o que me fazia “feliz”.
A vida deixou de ter aquele tempero que nos faz correr atrás do que quer que seja. E então vieram 1001 razões e explicações para a tristeza, o desânimo, a angústia até. Desde a psicologia à bruxaria.
Até que, há cerca de 2 anos, num dia de muita chuva e a caminho da faculdade, era tanto o desespero que sentia, tanta a dor que me atormentava, que só queria regressar a casa. Assim que cheguei, corri a acender uma vela junto a uma imagem de Jesus e Maria, ajoelhei-me e chorei. Chorei muito e pedi perdão a Deus pelo meu desamor. Perdi a noção do tempo e acho que, por instantes, também a consciência ou, simplesmente, adormeci enquanto pedia a Sua ajuda.

«Procurei o Senhor, e Ele respondeu-me…»

Recordo-me de um Domingo pedir ao meu marido que me acompanhasse à missa. Fomos à Igreja Matriz de Odivelas. Senti aquele momento como um regresso a casa. A Missa começou e a minha ignorância apenas me permitia viver aquelas palavras em silêncio. Chorei de arrependimento, chorei de alívio. E todos os Domingos lá estava eu. Só ou acompanhada. São enGRAÇAdas estas “coisas” de Deus, pois assumi este compromisso mesmo antes de saber que é o 3º dos 10 mandamentos que nos deixou.
E tantas outras Graças se seguiram e que comecei a ser capaz de entender. A clareza de espírito e o discernimento, frutos da intimidade crescente pela oração, pelos desabafos, por tantas conversas e confidências. Temas antes controversos e assertivamente defendidos como o aborto, a homossexualidade ou o uso do preservativo viram as suas mais bem fundadas estruturas e argumentos caírem por terra. Todas as questões, dúvidas ou contestações sobre a Igreja perderam o rumo. Não que tenha encontrado respostas mais lógicas ou mais razoáveis, mas encontrei a Verdade. E sentir a Verdade de Deus como nossa é algo de verdadeiramente bom, não é José?
Quando em meados de Dezembro descobri que estava de esperanças, agradeci, pois só Deus me concede esta dádiva. Agradeço-Lhe esta prova tão divina do Amor que tem por mim. Descobri também que não podia esperar mais e decidi inscrever-me na catequese. Como fui bem recebida pela Fernanda. Voltei a sentir-me em casa. E depois conheci-o a si José. O seu sorriso espontâneo e o seu abraço fraterno acolheram-me. Estava em casa.
Assim tem crescido o meu conhecimento a par do meu amor por Deus. Gosto de saber do que falo e como gosto de falar de Deus… Gosto de partilhar a alegria que sinto e que não é passageira, que não vai e vem ao sabor das minhas coisinhas mundanas. Sim, porque a minha vida agora tem sabor, bem temperado. Agora tenho paz, porque confio. Já não desespero, mas espero… em Deus.
«Eis que estou convosco todos os dias até ao fim do mundo». E porque desejo muito manter esta cumplicidade, ser fiel a este amor todos os dias da minha vida é com grande ansiedade que desejo receber o sacramento do Crisma.
Só de pensar que Deus se faz presente em mim, pelo seu Espírito Santo, desta forma tão concreta… Porquê eu Senhor?

* * *

(…) A minha relação com Deus nunca foi como devia, Deus sabe... para mim rezar todas as noites, de vez em quando ir á missa era suficiente até ir para a catequese. Comecei a perceber que fazia muito pouco ou quase nada e até senti vergonha.
Hoje já não é assim graças á catequese, graças a si, Sr. Zé... mostrou-me tanta coisa bonita, ensinou-me tanto. Desde ai a minha vida mudou mesmo, rezo porque preciso, porque me apetece, porque me sinto bem; falo com Deus todos dias, falo de Deus todos dias. Agradeço tudo o que Deus me dá, e digo-lhe que o amo muito e sei que Ele nos ama também.
Sobre o caminho que está para além da recepção do crisma é claro que estou e estarei disponível a servir os irmãos seja no que for e também penso em mudar alguns aspectos, como, confessar-me mais vezes...

* * *

A minha relação com Deus começou há alguns anos atrás, ao acompanhar a minha esposa (namorada na altura) à missa de domingo, (…) Comecei a ver Deus e Jesus Cristo de outra forma de certo modo Ele começou a fazer parte da minha vida, (…) Com a ajuda da minha esposa e dos meus sogros a minha fé foi crescendo.

No ano passado casei-me e fui convidado para ser padrinho da minha sobrinha (…) Fazer o crisma era algo que já tinha pensado algumas vezes mas talvez por uma questão de preguiça nunca me dispus a faze-lo, (…) Neste período em que tivemos os nossos encontros consigo sentir que abri muito mais o coração a Deus, comecei a "falar" mais com Ele e percebo agora que sempre esteve do meu lado mesmo quando não lhe dava a devida atenção e neste momento quando rezo durante a missa sinto algo diferente de anteriormente, sinto-me como que mais preenchido e as palavras fazem mais sentido. Sinto que agora vou poder ser um melhor cristão e serei um verdadeiro padrinho que irei acompanhar correctamente e com todo o meu coração a minha afilhada na sua caminhada na fé. (…)

* * *

Quando pequeno, levado por pais e avós, tinha tudo para seguir uma vida cristã exemplar: baptismo, primeira eucaristia, missa aos domingos, (…) tudo caminhava normalmente quando a chegada da adolescência me tornou um grande questionador das coisas, inclusive das coisas de Deus e principalmente do Clero, (…)
Passados tantos e tantos anos, agora pai e com uma filha na preparação para a primeira eucaristia, resolvi prosseguir na minha caminhada cristã, quando num domingo ouvi o sr. Pe. Arsénio avisar do início de uma catequese para mais crescidos, estava aí a minha oportunidade. Cheguei a ter grande expectativa na catequese, achei que me iria tornar um cristão melhor, mas com o passar dos encontros, vejo que na verdade me tornei um melhor conhecedor da vida cristã, e que devo me aproximar de Deus e de seus conhecimentos.

Hoje tenho uma certeza e uma felicidade, que é a constatação de que esta catequese plantou em mim uma semente que brotou e que me mostra quanto tempo eu perdi afastado de Deus e de como ele é importante para a saúde espiritual e física, minha e da minha família. Deus foi sempre muito bom para mim e quando as exigências familiares e profissionais não forem tão grandes, eu hei de encontrar forma de retribuir tudo o que me foi dado.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Medidas simples que acabariam com os incendiários

Nos últimos anos temos assistido ao que já se tem como dado adquirido, que é a cada vez maior ocorrência de incêndios florestais no verão.

As populações mais atingidas vivem terríveis momentos de aflição, sendo esmagadas pelo peso da angústia e do desespero que resultam da impotência perante o avassalador poder do fogo. A população em geral vai demonstrando a sua revolta e indignação, e nas conversas sobre o assunto, uma ideia parece predominar sobre todas as outras, que é a de que “não há leis…”

Nessas ocasionais conversas, todos vamos conjecturando, não sabendo o quão próximas tais conjecturas podem estar da verdade quando se fala das eventuais motivações, dos interesses que poderão estar por trás, etc.

Em direito penal existe o designado nexo causal, um elemento sempre explorado por todo o causídico que se preze. O nexo causal, ou nexo de causualidade, é a relação entre o crime ou dano causado por via indirecta, e o acto praticado.

Um simples exemplo: suponhamos que um condutor que não respeitou um sinal de trânsito, embateu num outro veículo e daí resultou a impossibilidade de o condutor daquele poder seguir o seu destino. O veículo que sofreu o embate transportava um órgão humano para o hospital onde os médicos contavam ansiosamente os minutos para poderem salvar a vida de quem estava para receber o órgão transplantado. Ora, como o órgão não chegou a tempo, o paciente morreu. Pode então o causador do acidente ser responsabilizado pela sua morte? Pode e deve, porque se casos há onde não existe qualquer dúvida sobre o nexo causal, este é um deles.

Olhando, portanto, para as possíveis e sempre imprevisíveis consequências de um acto, em matéria criminal, os incêndios florestais têm que ser tratados de forma radical, como radicais são os danos causados, mais graves e radicais ainda quando o fogo leva o trabalho de toda uma vida, e até vidas humanas.

Eis, pois, o que eu entendo como uma medida radical que constituiria um poderosíssimo travão ao flagelo dos incêndios:

Quanto à pena a aplicar aos culpados, tanto aos autores materiais como aos autores morais do crime, darse-lhes-ia a escolher uma de duas opções: ou a amputação da mão, depois de lhe ser queimada lentamente, ou 20 anos de trabalho de reflorestação. E no caso de optar por manter a mão, os 20 anos de trabalho seria sempre o tempo mínimo a cumprir, podendo prolongar-se tanto quanto o necessário para poder reflorestar toda a área ardida (e tudo feito “à unha”, sem a utilização de qualquer maquinaria). E se houvesse vidas humanas a lamentar, acresceria ainda o tempo que se julgasse como suficiente para indemnizar a família.

Medidas simples, afinal, que eu não hesitaria em aplicar se para isso tivesse poder, e veriam que os resultados não tardavam, pois, a partir do momento em que o primeiro criminoso fosse condenado, com as televisões a transmitirem em directo, as avultadas verbas que se somem no aluguer dos aviões e helicópteros e restantes grandes meios, já poderiam ser canalizadas para onde mais falta fazem, sendo também notórios todos os demais benefícios, pelos prejuízos que deixavam de existir.

Quero acreditar que um dia estas ou outras medidas semelhantes venham a ser tomadas, uma vez que, infelizmente, pela via do bem já nada se consegue. Só lamento é que, para isso, cansado desta pseudo-democracia, Portugal se venha a sentir na necessidade de aceitar uma nova ditadura, uma vez que não se vislumbram sinais que nos levem a acreditar na actual classe política.
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Imagem retirada de http://naturlink.sapo.pt/

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O ABORTO - Resultado de algo que nunca foi debatido

Ao tratar um tema ainda tão controverso, meu propósito é contribuir para uma mais profunda reflexão, tentando fazer a abordagem que até agora não vi que fosse feita, como sugiro com o próprio subtítulo.

Sempre que está em causa a necessidade de encontrar uma solução para um grave problema, as medidas a adoptar são tão mais eficazes quanto mais inteligentes, razoáveis e profundas elas forem. Evocando como exemplo o trabalho de um agricultor que se debate com a praga das ervas daninhas, no caso das gramíneas, só conseguirá erradicá-las se se empenhar num paciente trabalho de cavar palmo a palmo toda a terra até à profundidade que lhe garanta não haver a mais pequena ponta de raiz. Só por meio dessa aturada, profunda e radical intervenção, consegue eliminar definitivamente o problema. Dessa forma e com esse propósito, tratarei neste trabalho das questões mais profundas que o tema encerra, crendo que só assim darei algum contributo para a remoção da confusão moral, intelectual e ideológica que nos sufoca.

Começando pela sua definição, o aborto é a morte de uma criança no ventre materno, feito no espaço de tempo que vai desde a concepção até ao momento prévio do nascimento.

Para toda a comunidade científica mundial, ou numa palavra, para a ciência, a vida tem o seu início no momento da concepção, não sendo menos vida no primeiro dia do que ao nono mês, ou aos oitenta anos, pelo que, um aborto é Sempre o acto de matar uma criança.

É certo que muitos dos abortos se devem a actos de desespero emocional, a uma rejeição das causas que deram origem à gravidez, à vergonha, etc., mas nenhuma razão é válida para matar uma criança, nem uma difícil situação económica, quando nas instituições públicas e particulares, nos vizinhos e familiares, se vai encontrando o necessário apoio para que essa criança possa crescer, tendo o direito de ser um como nós, quem sabe até, que pessoa não poderá vir a ser.

Segundo as várias razões evocadas pelos defensores do aborto, eis cinco casos reais que não deixariam dúvidas, como a eles, até a muitos outros que se dizem a favor da vida mas que seriam capazes de dizer sim ao aborto nas seguintes situações:

1. Um casal já teve quatro filhos, tendo morrido o terceiro. O primeiro é cego, o segundo é surdo e o quarto tem tuberculose. O pai é alcoólico e asmático, a mãe também tem tuberculose e está novamente grávida. Trata-se, portanto, de um caso problemático.

2. Um homem branco viola uma menina negra de treze anos e esta ficou grávida. Outro caso sério. Primeiro por que é uma violação, segundo, trata-se de uma criança, depois ainda o peso da questão racial… motivos mais do que suficientes.

3. Uma senhora está só, com os seus dois filhos, porque seu esposo está fora, na frente de combate de uma guerra devastadora. Seus filhos não são saudáveis, como ela também não é, restando-lhe pouco tempo de vida. Sozinha e sem meios, vê-se grávida de novo…

4. Uma família bastante pobre, já tinha doze filhos, tendo acontecido uma décima terceira gravidez. Tão pobres e com tantos filhos, o aborto mais do que se justificava…

5. Uma jovenzinha, apesar da idade, já está comprometida; está grávida, mas seu noivo não é o pai do bebé, e sabe-se que vai reagir mal quando souber da situação…

Aqueles que buscam uma sexualidade sem compromissos, foram quem esteve na linha da frente a favor do aborto. E travaram um combate tão eficaz, que levaram muitos a alinharem nas suas fileiras, ainda que isso se tenha traduzido “apenas” no momento do voto, ao terem conseguido, com muita astúcia, tocar a sensibilidade dos bons ao aludirem a situações ou casos semelhantes a estes cinco aqui expostos.

Eis agora o resultado daquilo que poderia ter sido um aborto, se tivesse dependido da opinião de muitos de nós:

- No 1º caso, teríamos matado Ludwig Van Beethoven;
- No 2º, teríamos matado uma das mais famosas cantoras negras, Ethel Walters;
- No 3º, teríamos matado o menino Carol Wojtyla, o tão amado João Paulo II.
- No 4º, teríamos matado um grande pregador Metodista do século XIX, John Wesley;
- E por último, imagine-se quem nós teríamos matado: o próprio Jesus, Aquele que, entre a cruz e o túmulo, deu um grito intemporal à Vida, grito ou voz que ainda hoje ressoa tanto nos que procuram segui-Lo como nos que não suportam a Luz..

O aborto é o acto de interromper a vida; é matar um ser com vida, e a vida é algo que não é referendável; mas neste país que está sob o domínio do consumismo, do materialismo e da obcecada procura do conforto, a vida foi rebaixada a esse nível, foi “coisa” referendada.

No último referendo, o aborto foi tratado pelos grupos que alinharam pelo Não, de forma pouco inteligente e ainda menos corajosa. Deixaram-se conduzir para a área estrategicamente escolhida pelos promotores do Sim, limitando-se a debater os argumentos por eles apresentados, quando na verdade o que deveria debater-se era, e continua a ser, a libidinosa vida do homem, a sua concupiscência, ou por outras palavras, a anárquica e por isso imoral vivência da sexualidade. Esse é que é o verdadeiro problema, o aborto é apenas uma consequência. Mas curiosamente, porque isso implicaria o enrubescer de muitas faces, ao terem que “descobrir a careca” da imoralidade a outros e a si mesmos, nunca foi debatido o verdadeiro factor que depois leva ao aborto, camuflando-se assim todas as infidelidades numa simples manobra de diversão que aponta como grande preocupação os “direitos” da mulher. É, de facto, uma eficaz estratégia para não caírem as máscaras que mantêm a aparência de uma sã moral, ostentada por muito “boa gente”.

Há quem, com seriedade, num simples exercício intelectual, procure encontrar os prós e os contras. Creio eu porém, que, debater os prós e os contras no aborto, é admitir que ainda não se entendeu o que é a vida, é pôr de lado a ética que rege os profissionais de saúde, a moral cristã e a própria ciência que afirma quando começa a vida. Atendamos a estas três grandes colunas, a ética dos profissionais de saúde, a moral cristã e a ciência, e facilmente entenderemos que esse debate não dignifica a inteligência. Debater aqui prós e contras, não é o mesmo que falarmos de sapos na nossa horta, coisa sobre a qual já podemos, sem ofensa para os batráquios, falar sobre tal questão.

No caso do aborto, os “prós”, que na verdade não existem, apenas se podem admitir no limite, quando houver irrefutáveis certezas científicas de que a mãe não sobreviveria ao parto, e só no caso da mãe, porque, no caso do bebé, não deve o homem substituir-se à natureza impondo o momento da sua morte, dado não lhe ter sido passada qualquer procuração nesse sentido pelo soberano Senhor da Vida. E mesmo assim, só à mãe cabe a última palavra, garantido que deve ser o esforço para salvar as duas vidas. Admitido pois, apenas e unicamente no limite dos limites, o conceito de prós e contras não pode ser equacionado nesta gravíssima questão humana e social, uma vez que existe sempre prejuízo e nunca qualquer benefício.

Como já vinha dizendo atrás, neste atoleiro de imoralidade, hostiliza-se a moral e combate-se tenazmente o conceito de pecado, para que o mais macabro dos crimes não tenha essa incomodativa marca. Esse combate tem sido tão astuto e eficaz, que conseguiu obter o efeito da anestesia na consciência social e assim, entorpecida a inteligência e ofuscada a visão espiritual, já se pode matar uma criança sem peso de consciência, porque também a isso ajuda a própria subtileza linguística, que prefere dar ao macabro acto o nome de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). Para levar a cabo essa IVG, as formas mais usuais são as seguintes:

POR SUCÇÃO:
Feito até à 12ª semana após o último período menstrual (amenorreia). O colo do útero é amplamente dilatado. Um tubo especial é inserido no mesmo. Uma violenta aspiração, 29 vezes mais poderosa do que a de um aspirador de pó comum, suga o bebé para dentro de um recipiente, desconjuntando-lhe os braços e as pernas, e transformando-o num puré sanguinolento. Este é o método mais comummente utilizado nas clínicas de aborto.

POR DILATAÇÃO E CURETAGEM:
Realizada até à 15ª semana após a última menstruação. Um objecto afiado, de forma semelhante a uma colher, corta a placenta e retalha o corpo do bebé, o qual é então sugado através do colo. Para evitar infecção, após a extracção, os pedaços do nascituro são remontados pelas enfermeiras, pedaço por pedaço, para se assegurarem de que nenhuma de suas partes ficou no útero materno.

POR MEIO DA PÍLULA RU-486:
É um poderoso esteróide sintético, usado para induzir o aborto em mulheres com cinco a sete semanas de gravidez.

POR DILATAÇÃO E EVACUAÇÃO:
Neste processo, o colo do útero é amplamente dilatado, uma vez que a vítima a ser removida, de 13 a 24 semanas, é evidentemente maior. Como os ossos da criança já estão calcificados, torna-se necessário utilizar pinças especiais para desconjuntá-los. A criança tem seus braços e suas pernas desmembrados, e em seguida sua espinha dorsal. Por último, antes de ser sugado, o crânio da criança é esmagado.

POR INJEÇÃO DE SOLUÇÃO SALINA FORTEMENTE HIPERTÓNICA:
Feito da 16a à 24a semana de gestação. Uma seringa de quatro polegadas perfura a parede abdominal da mulher e o saco amniótico, sendo extraídos 60 ml do liquido amniótico. Em seu lugar, são injectados 200 ml de solução salina fortemente hipertónica. Acostumado a alimentar-se do líquido amniótico no qual está imerso, o bebé ingere a solução salina, a qual lhe vai queimando a garganta, os órgãos internos e a pele. Ele tenta em vão lutar pela vida, debatendo-se desesperadamente de um lado para outro dentro do útero, em terríveis contorções. Sua agonia pode durar horas, sendo então expelido do claustro materno. Vê-se então uma criança toda cauterizada, com o corpo vermelho pelas queimaduras produzidas.

POR PROSTAGLANDINAS:
Prostaglandinas são substâncias que provocam contracções próprias ao parto. Elas são injectadas no liquido amniótico ou ministradas sob a forma de supositório. Em consequência das contracções uterinas, a criança é expelida, já morta, ou insuficientemente desenvolvida para sobreviver fora do útero materno.

POR HISTEROTOMIA:
Como na operação cesariana, o abdómen e o útero são abertos cirurgicamente. Só que na histerotomia, ao contrário da cesariana comum, o intuito não é salvar a criança, mas matá-la. Alguns médicos usam a própria placenta para asfixiar o bebé.

POR SUFOCAMENTO:
Este método de aborto é chamado de "parto parcial". Nesse caso, o bebé é puxado para fora deixando apenas a cabeça dentro, já que ela é grande demais. É-lhe então introduzido na nuca um tubo que sugará a sua massa cerebral, levando-o à morte. Só então o bebé consegue ser totalmente retirado.

O ABORTO É O CRIME MAIS HEDIONDO QUE O HOMEM PODE COMETER.


Eis a criação de Deus, trucidada pelos poderes infernais que dominam o homem.

Que crimes terão cometido estes seres humanos, para merecerem a pena de morte por decapitação um, e por envenenamento os outros dois?




Esta criança (imagem da direita) foi assassinada quando
tinha 22 semanas...


Que dizer do facto de haver tanta gente que é capaz de se declarar defensora dos animais, e a um ser humano ser capaz de fazer isto? É só uma a razão: padecem da mais terrível das doenças, de um vírus infernal, e não se dão conta disso…


A pessoa que mata os da sua própria espécie, vive, ainda que do facto não tenha noção, em profundas trevas interiores. E por essa razão, privada da capacidade de ser una com a Vida, não enxerga que está sob o domínio de demoníacos planos.


A mais portentosa demonstração de que a vida humana é um Acto Divino, encontra-se na humanização do próprio Deus, nessa “loucura” de Deus baixar à condição humana, ainda que nascido de Imaculada Mulher, e aceitar padecer como jamais homem algum padeceu, para nos libertar das insídias do Mal.

O Seu maior sofrimento, maior ainda do que as indizíveis torturas, foi ver que o Sacrifício do próprio Deus, a Sua Divina humilhação, seria aproveitada por tão poucos. Ser humano algum jamais sofreu tão esmagadora angústia; tão intensa, que, juntamente com os suores frios, suou sangue, no Monte das Oliveiras.


A VIDA É UM ACTO DIVINO


Nada há mais belo do que a Vida.

E o que de mais antagónico ela tem, é o seu fim por dolosa intervenção de quem está dotado para ser colaborador na Criação.

A tão propalada evolução do homem, desde o Homo sapiens até ao do século XXI, sofre agora um incompreensível retrocesso, filosófica e moralmente falando. Inverte completamente o normal sentido da evolução e, como num infeliz negócio, troca sabedoria por descomprometimento.

O homem de hoje, movido pela obscuridade da razão, crê que tem o poder e a legitimidade moral para estabelecer por lei os caprichos da sexualidade. E na sua mais alta petulância, faz o mesmo que faria um ministro a querer revogar a própria Constituição por meio de uma portaria.

Na sua insaciável sede de auto-suficiência, o homem anseia pelo poder absoluto, tudo procurando sujeitar ao seu domínio. Revela assim a loucura a que chegou, ao negar reconhecer os seus limites e procurar controlar os imutáveis princípios da Criação.

Nada poderia ser mais trágico para o homem do que uma sociedade sem Deus. Caminhando em sentido oposto a Ele, fica privado da Luz que haveria de iluminar a sua consciência, sua inteligência e seus afectos, e a partir daí, vive no trágico abismo das correntes que vão estando na moda, ao fechar a sua consciência para não ouvir o eco da voz do seu Criador.

Qual segunda Torre de Babel, o homem está a ultimar o seu desastroso destino. Todos os males do mundo são a simples e inevitável consequência dessa tragédia maior que é a negação de Deus, e o aborto não é mais do que uma dessas consequências.

Fala-se muito de aborto, pondo sempre em destaque os “direitos” da mulher, e pouco se fala de suas complicações, seus danos e suas consequências. Sobre as marcas que sempre ficam em todos os envolvidos no terrível acto, sugiro que façam essa pesquisa, e verão quão traumatizante pode ser essa experiência, em relatos verdadeiramente impressionantes.

A pessoa que nega o aborto, mesmo que não seja de prática religiosa, é movida pela Luz que reside no mais íntimo de si, Luz que lhe terá sido infundida em seu Baptismo, ou que Deus nela acendeu em qualquer momento da sua vida.

Ao recorrer ao impacto das imagens e à acutilância das palavras, não pretendo apontar o dedo acusador, mas valer-me dos meios que mais possam ajudar a tocar nas consciências.

Se de remédio alguém precisar, tenha sempre presente que a Misericórdia de Deus aguarda amorosamente por todos quantos se sentem arrependidos. O acto praticado Já não pode alterar-se, mas as sequelas psíquicas e emocionais devem ser curadas. Para isso, deve perdoar-se a si mesmo e recorrer ao perdão de Deus. De entre todos os possíveis, é esse o meio mais poderoso e eficaz, o único que opera o milagre da cura completa e definitiva.

Infindáveis páginas teria que escrever para relatar tantos casos de pessoas que tiveram a heróica atitude de defenderem a Vida, mesmo pondo a sua em perigo. Para terminar, eis apenas outros dois casos:

I - PROIBIDA DE TER O SEGUNDO FILHO, TEVE MAIS VINTE E UM

Na homilia das exéquias do Cardeal Eduardo Pirónio, que faleceu em Roma no dia 5 de Fevereiro de 1998, com a idade de 77 anos, disse o Papa João Paulo II:

«Na história da minha família - disse um dia o saudoso Cardeal - existe algo de miraculoso. Quando concebeu o seu primeiro filho, a minha mãe tinha apenas 18 anos e adoeceu gravemente. Curada, os médicos disseram-lhe que já não poderia ter mais filhos sem pôr em perigo a própria vida. Foi então consultar o Bispo Auxiliar de La Plata, que lhe disse:

− Os médicos podem enganar-se; ponha-se nas mãos de Deus e cumpra os seus deveres de esposa.

A partir de então, a minha mãe deu à luz outros vinte e um filhos. Eu sou o último nascido, e ela viveu até aos 82 anos. Mas a história não termina aqui, porque nos anos sucessivos fui nomeado Bispo Auxiliar de La Plata, precisamente no lugar daquele que abençoara a minha mãe. No dia da minha ordenação episcopal - continua ainda o Cardeal Pirónio - o Arcebispo deu-me de presente a cruz peitoral daquele Bispo, sem conhecer a história que havia por detrás.

Quando lhe revelei que devia a vida ao proprietário daquela cruz, ele chorou.Quis referir este episódio narrado pelo próprio Cardeal, porque põe em evidência as razões que sustentaram o seu caminho de fé. A sua existência foi um cântico de fé ao Deus da vida.»
Obs: O Cardeal Pirónio nasceu na diocese de Nueve de Julio, Argentina, cuja padroeira é Nossa Senhora de Fátima.

II - OU ABORTAVA, OU NASCERIA UM MONSTRO

Um médico ginecologista, aconselhou a senhora italiana Maria Ferrante a abortar, porque iria dar à luz uma criança disforme. Eis as suas palavras:

«Minha senhora, a sua gravidez pode trazer complicações muito graves. Tem que abortar, porque corre o risco de dar à luz uma menina disforme: um monstro! E a senhora expõe-se a morrer no parto. Esta gravidez é um grande perigo tanto para si como para a criança».

Não podia dar-lhe pior sentença. Mas dona Maria Ferrante não a acatou, achando que ainda faltava recorrer. Conta ela:

«Eu queria a todo o custo esta criancinha. Não me conformava com um destino tão cruel, como era matá-la. Pus-me nas mãos de Deus e não fiz caso nenhum do que o médico me disse. A minha fé e a minha teimosia deram-me razão. Esse anunciado monstro foi em 1995 Miss Itália».

Eis o "monstro" a quem a medicina aconselhava a matar:

Anna Valle, Miss Itália 1995


Estes e muitos outros casos, mostram como nunca a pessoa recta deixou de ser ouvida. Perante situações em que é habitual dizer-se que é impossível, só se houvesse um milagre, importa que tenhamos em conta que, para que um milagre aconteça, apenas três coisas bastam:

● Ser-se firme na fé;

● Procurar viver de forma a poder merecê-lo, ou por outras palavras, viver na amizade com Deus;

● Desejar algo que seja do agrado de Deus, ou dito de forma diferente, não pedir coisa que possa constituir prejuízo para o seu bem espiritual ou o de outros.

É esta a fórmula tão simples para obter um milagre.

Que tudo quanto aqui foi exposto seja para si, caríssimo leitor, se já foi responsável por algum aborto, a luz que pretende iluminar o seu interior, a sua razão, o seu espírito, e possa assim dar o tão necessário passo para se libertar desse peso que carrega e que a sua consciência lhe faz sentir, porque não há lei humana que possa reconciliá-lo consigo e com Deus.

Reconheça-se como ser preciosíssimo, pois foi criado à imagem e semelhança de Deus. E se é semelhante a Deus, nada pode haver em si contrário ao Bem, porque o Amor é intrínseco à mais perfeita Obra da Criação, que é todo o seu ser.

Que Deus a todos abençoe, e de modo especial àqueles a quem por meio deste trabalho Jesus quer abraçar.
_____________
As imagens foram retiradas de vários sítios da internet. Podem ser vistas muitas mais em: http://www.aborto.com.br/fotos/fotos2/index.htm


José Augusto Santos
(Catequista)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Aos meus leitores

Penso que já o poderia ou deveria ter feito, mas como mais vale tarde do que nunca, quero agora deixar uma palavra de simpatia e agradecimento a todos os visitantes desta página, e não podendo fazer referência a todos, principalmente aos irmãos brasileiros, que são muitos, agradeço particularmente a quem mais tem lido os meus textos desde Macieira de Cambra, Aveiro, em Prime, Viseu, em Mangualde, na Maia, em Almada, em Lisboa, em Mountain View, California, em Gulfport, Mississippie, em Malden, Massachusetts, em Houston, Texas, em Elizabeth, New Jersey, em Buenos Aires, em Quintana, México, em Fully, Valais, Suiça, em Bruxelas, e tantos outros lugares de varios outros países, desde a Polónia ao Japão, que tornaria impossível aqui referi-los.

Principalmente àqueles que mais frequentemente têm acedido a este espaço, gostaria de pedir algumas sugestões, como os temas que gostariam de ver tratados, ou outra qualquer sugestão que possa levar-me a melhorar e a enriquecer a página, para bem de todos os leitores, com outras "Ideias Positivas".

A todos reitero os meus agradecimentos. Lembrando que é para vós que escrevo, reforço o pedido de alguma sugestão... Enviem-na para o endereço gandacaixa@gmail.com

Que a Paz e a Prosperidade vos sejam favoráveis!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Cordão e o Óleo de Santa Filomena


São João Maria Vianney, o Santo Cura d'Ars, foi quem mais difundiu o uso do Cordão de Santa Filomena. O Papa Leão XIII aprovou o uso do Cordão em 1893 e concedeu indulgências a todos os que o usarem e rezarem a seguinte oração:

Ó Santa Filomena, Virgem e Mártir, rogai por nós para que, por meio de vossa poderosa intercessão, possamos obter a pureza de alma e de coração, que conduz ao perfeito amor de Deus.

Para lucrar as indulgências plenárias com o Cordão é preciso confessar-se, comungar, e visitar alguma igreja ou um doente, rezando pelas intenções do Santo Padre.

Qualquer pessoa pode fazer o Cordão de Santa Filomena, que deve ser feito em crochê com fios de linho, de lã ou de algodão. Em suas extremidades, de um lado, o Cordão tem dois nós, e na outra 3 nós, simbolizando a Santíssima Trindade e as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os fios devem ter quantidades mais ou menos iguais em cores branco e vermelho. O branco simboliza a virgindade de Santa Filomena, e o vermelho seu martírio.

A faculdade para benzer os cordões de Santa Filomena foi dada aos Padres de São Vicente de Paulo, mas actualmente qualquer padre pode benzê-lo validamente. A oração oficial da bênção do Cordão é:

Sacerdote - "Senhor Jesus, concedei que todos os que usem este cordão mereçam ser preservados de qualquer perigo e recebam a saúde da alma e do corpo."

O cordão deve ser usado na cintura, sob a roupa, e se possível não ser retirado. Se não for possível usá-lo na cintura, pode-se usá-lo no braço ou na perna.

O Óleo de Santa Filomena

Esse óleo milagroso é retirado de qualquer lamparina que esteja iluminando uma imagem ou estampa de Santa Filomena, para passar no local da enfermidade.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Carta aos crismandos

Depois de ter ouvido as últimas palavras do Evangelho na Santa Missa de hoje (Mt 5, 16) e porque o propósito desta página é o de suscitar "Ideias Positivas", senti-me interpelado a partilhar convosco as últimas palavras escritas que dirigi ao grupo de crismandos adultos na véspera do Crisma, recebido no passado Domingo, dia 6.

Meus queridos irmãos:

Neste dia tão singular das vossas vidas, dia de Pentecostes que o Espírito vai fazer em vós, não podia deixar de vos dirigir umas breves palavras, dada a importância de tão grande e imperscrutável acontecimento.

Meus queridos: sabei que sois para mim motivo de uma grande e santa alegria, ao ver que o Espírito de Deus tem encontrado em vós o espaço que tantos e tantos lhe negam. Por isso, peço-vos encarecidamente, queridos irmãos, que, nos últimos momentos que antecedem a recepção do Sacramento, nada vos distraia. Nem o social, nem o material, nem qualquer outra futilidade.

Lembrai-vos que, a todo o crismando, o que acontece não é mais nem é menos que Aquilo a que foram sujeitos os Apóstolos no dia de Pentecostes. Assim saiba cada um dispor as coisas em seu espírito, de forma a tornar-se um digno acolhedor das torrentes de Graça que o Espírito Santo derrama em tão maior abundância quanto maior for a abertura e disponibilidade do receptor.

Vós sabeis − e por isso tanto me alegro − que tudo o que há de maior na terra, em rigor, não é nada, comparado com as coisas do Alto. O que vai acontecer em vós, é algo de imensamente grande, dado que é a mesma coisa e procedente do mesmo e Único Espírito que operou nos Apóstolos.

Com Eles sucedeu aquilo que a Sagrada Escritura nos conta. Suceda pois, também convosco, o que Deus quiser por vosso meio. De todos e de cada um, Ele espera grandes coisas, e se para Deus a medida é diferente da nossa, aos Seus olhos as grades coisas podem já ser o desejo e o esforço diário da nossa conversão. Sabei que recebeis os Dons necessários para que o mundo venha a ser o palco da acção do Espírito Santo que em vós habita, desde que, por vergonha ou outra qualquer razão, não abafeis o Espírito que por vós se quer revelar aos outros. Se fordes dóceis às Suas sugestões, ainda que isso não vos livre de algumas canseiras, vereis o vosso coração inebriado pelo Amor. É essa a primeira e grande recompensa recebida já nesta vida.

Oh, que tristeza; que pobreza a daqueles que se abeiram do sucessor dos Apóstolos para receberem o Crisma, apenas porque completaram a catequese e não ordenaram tudo em si para receberem de forma digna o Espírito Santo.

Sabei vós, meus queridos irmãos, compensar o bom Deus, o Pai que é Amor e que por isso tanto sofre por tantos que, não tendo criado intimidade com Ele, nem se apercebem do quanto Deus os ama, nem do quanto poderia dar-lhes.

Por último, peço-vos que, depois de já vos terdes aprontado − o que deveis fazer com relativa antecedência − e antes de saírdes para a Festa, recolhei-vos no espaço que achardes apropriado para, em oração, pedirdes à Rainha dos Apóstolos que vos ajude a preparar interiormente para receberdes Aquele que n’Ela sempre encontrou o Sim.

Que Aquele que ides receber em plenitude encontre em vós a receptividade necessária às Suas sugestões, e possais assim ser uma vela acesa diante de tantos irmãos que se deixaram envolver pela escuridão do mundo.

Sede corajosos, meus queridos, e tornai-vos verdadeiros Soldados de Cristo! Amem!


(Um catequista enamorado por Deus e pelo coração dos que Lhe são dóceis)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Dizem que Santa Filomena já não é santa

Em termos históricos, o que se sabe sobre Santa Filomena resume-se apenas àquilo que a ciência nos pôde revelar depois de encontradas as suas relíquias nas escavações das Catacumbas em Roma, em 25 de Maio de 1802, de onde se concluiu tratar-se de uma jovem entre 13 e 15 anos que morreu mártir pela Fé.

Fosse apenas esta descoberta arqueológica e não teríamos mais do que um achado com algum valor histórico-religioso, mas querendo Deus que muitas almas fossem favorecidas no chamamento à santidade, permitiu que a Santa aparecesse a três pessoas.

Uma delas, a religiosa Maria Luísa de Jesus, ou Maria Luísa Trichet (beatificada a 16 de Maio de 1993, por João Paulo II), foi quem relatou mais pormenorizadamente a vida da Santa, depois de o seu director espiritual lhe ordenar que escrevesse o que nas aparições lhe era revelado. Analisados os relatos pelo Santo Ofício, esta Congregação da Cúria Romana pronunciou-se favoravelmente, concedendo às revelações o Imprimatur para publicação.

Segundo esses relatos, podemos hoje saber que em finais do século III (c. 290), um rei da Grécia e sua esposa, que também era de sangue real, sofrendo por não conseguirem ter filhos, dirigiam constantes preces e ofereciam sacrifícios aos seus deuses. O médico do palácio, de nome Públius, era cristão. Não se resignando com a cegueira espiritual de seus soberanos, inspirado pelo Espírito Santo, falou-lhes da Fé em Cristo, garantindo-lhes que suas preces seriam ouvidas se abandonassem os falsos deuses e abraçassem a Fé Cristã. Impressionados com o que ouviram, e tocados pela Graça, receberam o Baptismo. No dia 10 de Janeiro do ano seguinte nasceu-lhes uma linda menina, à qual deram logo o nome de Lumena, por ter nascido à luz da fé. Na pia baptismal deram-lhe o nome de Filomena, isto é, Amiga da Luz, da Luz que receberam do Altíssimo, do Verdadeiro Deus.

Aos cinco anos de idade, a princesinha recebeu pela primeira vez a Sagrada Comunhão e desde então lhe aumentavam os desejos de íntima união com o Divino Redentor, até que, na idade de 11 anos, a Ele se consagrou por voto de virgindade perpétua.

Estava a jovem Princesa prestes a completar 14 anos, quando sob o reino de seu pai recaía a ameaça do Imperador Diocleciano, o que o levou a Roma para tentar negociar a paz. Ao ver tão bela jovenzinha, encantou-se por ela o imperador e propôs desposá-la em troca de uma paz duradoura.

No regresso a casa, vendo seu pai a oportunidade para não ser esmagado por Roma, bem tentou, com plagentes súplicas a seus pés, fazer ver à princesa o bem que isso representava para o reino, mas como o coração de Filomena já vivia desposado por Jesus e ainda que isso lhe causasse o maior constrangimento, o não poder obedecer a seu amado pai, opôs-se ela irredutivelmente às pretensões de Diocleciano.

Conhecedor dessa recusa, o imperador chamou Filomena a Roma, convencido de que, cortejando-a, a faria mudar de ideias. Porém, a intrépida princesa, manteve-se fidelíssima a seu divino Esposo, e, furioso, o tirano ordenou que fosse encarcerada e flagelada. Tendo sarado miraculosamente do suplício da flagelação, foi mandada lançar ao rio Tibre, com uma âncora amarrada ao pescoço. Entretanto, o Divino Redentor veio em socorro da Sua consagrada: no exacto momento em que a mesma estava sendo atirada ao rio Tibre, dois Anjos apareceram, cortaram a corda que prendia a âncora, e transportaram-na para a outra margem, sem que as águas lhe tocassem sequer as vestes.

Esse grandioso milagre foi presenciado por centenas de pessoas, das quais muitas se converteram, inclusive os soldados que a lançaram ao Tibre. O Imperador, porém, atribuiu o maravilhoso prodígio a algum poder mágico da menina, declarou-a feiticeira e ordenou que fosse arrastada pelas principais ruas da cidade e depois trespassada por setas. Mortalmente ferida, foi abandonada no cárcere como se já estivesse morta. Mas seu Celeste Esposo fê-la cair num sono reparador, do qual despertou completamente curada e mais formosa que nunca.

O cruel tirano ordenou, então, que as setas fossem metidas numa fornalha até ficarem enrubescidas, certo de que dessa forma não sobreviveria aos mortais ferimentos. As setas, porém, voltaram-se contra os próprios arqueiros, causando morte instantânea a seis deles. Temendo o Imperador maiores consequências, e já bastante confuso, ordenou que a Princesa fosse imediatamente decapitada. Mas ainda desta vez nenhum poder teria o tirano, se não fosse a vontade do Altíssimo a permitir a consumação do martírio, a fim de que a "Princesinha do Céu" - conforme a chamara a Virgem Santíssima - pudesse receber na Glória do Paraíso o prémio eterno devido à sua incondicional fidelidade a Cristo Jesus.

Colheu a heróica Filomena a palma do martírio numa sexta-feira, às três horas da tarde, sendo 10 de Agosto o dia.

Conhecida a vida da Princesa Mártir por meio das referidas revelações, muitas foram as almas que dela obtiveram grandes graças. A Venerável Pauline Jaricot, curada miraculosamente, insistiu para que o Papa Gregório XVI, que testemunhara pessoalmente o milagre, iniciasse o exame necessário à canonização da Virgem Mártir, que já estava sendo conhecida como grande taumaturga. Tendo o Romano Pontífice recebido o parecer favorável da Sagrada Congregação dos Ritos, depois de aturados exames, elevou-a à honra dos altares, instituindo ofício próprio para o culto e festa, proclamando-a A Grande Taumaturga do Século XIX, Padroeira do Rosário Vivo e Padroeira dos Filhos de Maria.

O sucessor de Gregório XVI, Pio IX (beatificado por João Paulo II em 3-9-2000), no dia 7 de Novembro de 1849 celebrou a Santa Missa no altar onde estão as Santas Relíquias e, no dia 15 de Janeiro de 1857, concedeu ofício próprio com Missa. Antes de ocupar a Cadeira de Pedro, ele mesmo passou pela extraordinária experiência de ser milagrosamente curado pela “Princesinha do Céu”. Leão XII (dois pontificados anteriores a Gregório XVI − de 1823 a 1829), antes de ser eleito peregrinou por duas vezes ao Santuário de Mugnano, e como Papa fundou a Confraria e Arquiconfraria de Santa Filomena. Leão XIII foi outro peregrino da Santa por duas vezes. E em 1884 aprovou, consagrou e indulgenciou o cordão de Santa Filomena. Também o seu sucessor, São Pio X, respondeu aos mesmos apelos do Espírito, deixando à imagem da Santa um riquíssimo anel.

O amor da “Princesinha do Céu” por Jesus foi tão grande como é o seu poder de intercessão, poder já sentido na terra por muitas almas simples, pelos corações enamorados por Deus, como aconteceu, além dos vários papas, com alguns santos. De entre estes, seus mais memoráveis devotos foram São João Maria Vianney (o Santo Cura d’Ars), Santa Madalena Sofia Barat, São Pedro Chanel, São Pedro Julião Eymard, e o Beato Bártolo Longo.

Tantas e tão grandes maravilhas foram alcançadas no Céu por Santa Filomena em favor dos seus devotos, que Satanás se enfureceu ao ver o elevado número de almas atraídas para o caminho da santidade, e não descansou enquanto não encontrou o meio de impedir esse sentir dos impulsos do Espírito Santo nas almas. Para isso o eterno inimigo de Deus valeu-se do Decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, de 14-2-1961, que lhe serviu de passadeira vermelha para apresentar a confusão e o erro, que chegaram de “braço dado”.

Dizia o decreto: "A festa de Santa Filomena, Virgem e Mártir (11 de Agosto), seja eliminada de todos os calendários litúrgicos".

Quanto a mim, esta determinação vem pôr em causa a sobriedade intelectual e a autoridade pastoral de vários Papas, até daqueles que foram miraculados e dos que presenciaram “o grande milagre de Mugnano”, dizendo ainda, de forma implícita, que os vários santos devotos de Santa Filomena também exageraram…

Estando já na altura lançada a luta contra a sã juventude, havia que remover a “Princesinha do Céu” desse trabalho de angariação dos jovens para Deus, por ser uma tão grande referência. Por isso creio que uma mão negra esteve por trás de tão desastroso documento, caso contrário, em vez daquilo que foi feito, por alegada fantasia contida no texto litúrgico, reformulavam-no apenas…

Dada a confusão gerada, o Padre Luís Espósito, antigo reitor do santuário de Santa Filomena em Mugnano, Itália, escreveu em 11 de Agosto de 1974: "Em 1964, com aprovação do Bispo Diocesano, apresentei um pedido de interpretação autêntica desta disposição, perguntando se aquela determinação proibia todo o culto à referida Santa. Recebi esta resposta: 'Foi tirado o culto litúrgico, mas mantém-se, sem alteração, o culto popular. A Santa pode ser venerada e pode ser honrada também com festa externa, com a missa do Comum das Virgens Mártires'".

O actual (?) Reitor do Santuário, Padre João Brachi, mandou esta resposta a pedido da Cruzada: "Pode celebrar-se com tranquilidade de consciência a missa em honra de Santa Filomena, do Comum das Virgens Mártires, e pode expor-se, sem hesitação, nos altares, a sua imagem. A disposição da Santa Sé, de 14 de Fevereiro de 1961, nunca teve a intenção de prejudicar ou eliminar o culto ou devoção popular a Santa Filomena".
O Bispo de Mysore, na Índia, perguntou ao Santo Padre João Paulo II o que havia a este respeito. Recebeu esta resposta: "Pode continuar o culto popular a Santa Filomena".

Muito mais poderia ainda dizer em favor da verdade factual sobre a "Princesinha do Céu", espero porém, que isto seja o suficiente para remover o erro em que muitos bons católicos caíram, mesmo muitos padres, como aquele de quem tive conhecimento de que impediu uma devota de Santa Filomena de levar o andor com a sua imagem na procissão anual da terra, dizendo-lhe que «Santa Filomena não é santa». Que todos aqueles que mais poder de influência têm corrijam esse erro, não impeçam os corações Simples de tê-la como poderosa intercessora, e o Mal verá reduzido o seu poder sobre as almas.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Crucifica-o!

Por JOÃO CÉSAR DAS NEVES*
In Diário de Notícias (5-4-2010)

Como Nero, os jornais hoje querem convencer-nos de que os padres comem criancinhas

Apedofilia é um crime horrendo. Pior se o criminoso for educador. Mais ainda se for clérigo. A prioridade em casos tão graves é prevenção, socorro às vítimas e punição exemplar. A Igreja Católica tem de ter regras muito claras para estes casos, e vigilância atenta e severa. E tem.

Então porquê o debate? Ele mistura dois crimes diferentes. As acusações de pedofilia vêm a par de outro crime, muito menos grave mas mais vasto, de difamação contra a Igreja.

Sabemos tratar-se de difamação porque os sintomas tradicionais são evidentes. Primeiro as acusações não se dirigem aos verdadeiros culpados. Quem realmente se ataca são, não pedófilos, mas o Papa, cardeais e bispos. Discute-se, não psicologia infantil, mas política eclesiástica.

Em segundo lugar utiliza-se um truque estatístico clássico. Tomam-se 50 anos, em todo o mundo e acumulam-se todos os casos encontrados. Desta forma demonstra-se o que se quiser; este é o método das provas "científicas" invocadas por horóscopos, charlatães e milagreiros. Empilham-se situações muito antigas e muito diferentes que, juntas, ninguém perde tempo a considerar com atenção. Conta só a imagem global. A imaginação faz o resto. Nunca se questiona a agregação de casos díspares ou a razão de surgirem todos de repente agora.

O terceiro sintoma é não se usarem os indicadores adequados: percentagens. Que peso dos criminosos no total dos sacerdotes? Muito mais importante, qual a percentagem destes casos no total dos abusos? Se o que nos preocupa são as crianças, este dado é decisivo. Os poucos estudos sociológicos sérios mostram que «no mesmo período em que uma centena de sacerdotes católicos eram condenados por abusos sexuais de menores, o número de professores de educação física e de treinadores de equipas desportivas (...) considerados culpados do mesmo delito nos tribunais americanos atingia os seis mil. (...) Dois terços dos abusos sexuais a menores não são feitos por estranhos (...) mas por membros da família» (www.cesnur.org/2010/mi_preti_pedofili.html). E omitem-se factos incómodos, como «80% dos pedófilos são homossexuais» (idem).

Descuidadas nos dados, as notícias fervilham de comentários e interpretações. Muitas antecedidas de frases como «até há quem pense…», o que permite colocar a seguir o que se quiser, pois há sempre quem pense o mais abstruso. Espanta que jornais respeitáveis entrem nestas práticas. Práticas cuja finalidade fica clara ao ler-se a conclusão invariável: «perda de autoridade moral da Igreja». Mas a autoridade da Igreja vem de outro lado. E que autoridade moral tem o jornal para dizer isto? O contexto é a guerra cultural. Parecendo combater a pedofilia, visa-se a promoção do aborto, eutanásia, divórcio, promiscuidade.

A prática é tradicional. Assim se criou há séculos o mito da Igreja sanguinária nas cruzadas e Inquisição. Tirando os casos do contexto, relacionando épocas diferentes e empolando os números, gerou-se a lenda do terror inquisitorial em que hoje ainda até muitos católicos acreditam. Não importa que os processos fossem rigorosos e transparentes, as condenações uma ínfima minoria dos casos julgados e pouquíssimas face às execuções civis, numa épocas de pena capital habitual. Julgadas em contexto cultural muito diferente, essas informações distorcidas e parciais criaram uma das maiores falsificações da História.

Nada disto anula os terríveis pecados cometidos, quer nos atropelos da Inquisição, quer nos indiscutíveis casos de padres pedófilos. Cada injustiça inquisitorial, como cada abuso de menor, é horrível e exige atenção e punição exemplar. Por isso Papa e bispos pedem desculpa e impõem responsabilidades.

Mas o que temos agora é outra injustiça, a de tentar degradar toda uma classe respeitável e, por arrastamento, a maior denominação religiosa do mundo, com acusações apressadas e distorcidas. Como Nero, os jornais hoje querem convencer-nos que os padres comem criancinhas. Como há 2000 anos, esta Páscoa é celebrada ao som do grito «crucifica-o, crucifica-o!»

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* Prof. Doutor, Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica Portuguesa

domingo, 4 de abril de 2010

As imagens segundo a Bíblia - Resposta às acusações feitas aos católicos

A Bíblia é um conjunto de vários livros (73), dos quais não devemos em grande parte concluir o sentido literal das palavras, mas existem outras confissões que pouco mais parece fazerem do que isso mesmo. A confirmá-lo estão todas as acusações que nos dirigem quando argumentam que na Bíblia está escrito que não devemos adorar as imagens. Até aí, não há qualquer diferença entre não católicos e católicos, pois, também nós conhecemos muito bem as proibições que sobre isso constam em diversas passagens da Escritura.

Certo dia falei com uma pessoa de uma igreja protestante sobre o tema e, em alguns aspectos, acreditei tê-la esclarecido. Um ou dois dias depois, refutando o que eu tinha dito, mostrava-me num pedaço de papel uma anotação ditada pelo pastor da igreja onde tinha ido, para provar que nós continuamos errados. Convida-me então a ler o Sl 135, 15-17, e Is 44, 15-17, que dizem respectivamente:

Sl 135, 15-17: «Os ídolos dos gentios não passam de ouro e prata, obras das mãos do homem; têm boca e não falam, têm olhos e não vêem, têm ouvidos e não ouvem, nem há qualquer respiração na sua boca» (o mesmo podemos encontrar em Sl 115, 4-7).
Is 44, 15-17: As pessoas usam essa madeira para o lume, para se aquecerem ou cozerem o pão para matar a fome. Porém ele faz um deus e adora-o, fabrica uma imagem e prostra-se diante dela. Queima no fogo metade desta madeira, assa a carne sobre as brasas e come-a até se saciar. Depois, aquece-se e diz: «Bom! Estou quente e tenho luz!» Do resto faz a imagem de um ídolo, adora-o e dirige-lhe esta oração: «Salva-me, porque tu és o meu deus!»

Interpretar à letra o que foi escrito numa determinada época, dentro do contexto cultural e religioso de então, parece-me ser uma ofensa à própria história da religião. Por outro lado, desde que estejamos atentos à catequese de cada texto ou passagem bíblica, facilmente constatamos a actualidade da mensagem, dada a intemporalidade da lei – porque intemporal é o seu Autor.

Para ajudar a este raciocínio, suponhamos que o que está escrito sobre a condenação à idolatria tenha sido escrito na actualidade para nós os católicos, por sermos o povo de Deus que continua a prevaricar na idolatria, não obstante a Revelação do próprio Deus Filho. Assim, se a Bíblia continuasse agora a ser escrita à semelhança dos livros da história das nações, não poderia deixar de condenar os ídolos ou deuses da actual sociedade, incluindo, por certo, uma veemente condenação à deusa criada pelos governos, a economia, que transforma o homem em simples número estatístico; às abismais assimetrias sociais geradas pelo primeiro dos pecados capitais que domina os poderosos, o que não queria dizer que Deus era contra o desenvolvimento social, pois estaria em desacordo com toda a história bíblica, onde vemos que a prosperidade é prometida a todo o povo que caminha sob a orientação do Criador. E falamos da prosperidade, mesmo dos bens materiais.

«Ninguém pode servir a dois senhores» (Mt 6, 24), mas, a riqueza, o protagonismo, o poder, a sensualidade, o luxo e o sexo, são apenas alguns desses outros senhores, ídolos com os quais se contamina o actual povo de Deus, povo que se deixa perverter pelo deus que seduz e domina o homem de hoje, esse deus que é o hedonismo.*

Sempre que um católico aceita falar sobre religião com alguém de outros credos ditos cristãos, não consegue evitar que esgrimam a famigerada questão das imagens, sempre com o “mas na Bíblia diz...”, citando algumas passagens previamente estudadas para o efeito. Aquela que por alguns é mais usada, e que pode de certa forma representar todas as outras em resumo, encontra-se em Deuteronómio:

«Não terás nenhum outro deus além de mim. Não farás para ti nenhuma imagem esculpida, seja do que está no alto do céu, ou em baixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não as adorarás, porque Eu, o Senhor, sou o teu Deus». (Dt 5, 7-9a)

O erro dos nossos acusadores reside no facto de não atenderem ao factor da osmose cultural e religiosa entre o povo escolhido e os povos com os quais vivia, dada a facilidade com que adoptava os seus ídolos, voltando costas Àquele que o libertou de uma escravidão de 400 anos. Para não cairmos no mesmo erro dos que nos acusam, devemos ter em conta que, há 3200 anos Deus assim falou, porque naquele tempo a concepção caldaica** do mundo dividia-o em três regiões: o céu por cima, a terra por baixo e as águas (abismo) debaixo da terra, sendo todas estas regiões povoadas por deuses; não esquecendo que os cananeus tinham por seus verdadeiros deuses imagens de homens e mulheres, os egípcios de animais e os mesopotâmios os astros, daí as palavras que encontramos em Dt 4, 16-19.

Vale a pena vermos um curioso episódio que pode ajudar a perceber as críticas aos falsos deuses lendo Dn 14, 1-22, e vermos como Daniel reagiu a uma invectiva do rei Ciro e como acabou com o culto ao deus Bel.

Resumindo:
- Deus sempre condenou (e continua a condenar) toda e qualquer espécie de idolatria.
- Proibiu a feitura de imagens que fossem tidas por deuses; porém, em parte alguma da Bíblia vemos que Ele tenha algo contra ou se oponha a elas, quando não são tidas como tal.

Prova irrefutável disso mesmo é o facto de até as mandar fazer, o que podemos constatar em várias passagens.

Em Ex 25, 18-22, Deus manda fazer do ouro mais fino dois querubins, como guardiões da Arca da Aliança; em II Cr 3, vemos que o rei Salomão mandou esculpir dois enormes querubins que foram revestidos do ouro mais fino, para adornarem o Templo, e isso agradou ao Senhor. Desde o Pentateuco aos livros históricos, são feitas várias alusões a favor das imagens, que podemos ver em Nm 7, 89; II Sm 6, 2; II Reis 19, 15; II Cr 3, 10; II Cr 7, 12-16, e outras.

Se os nossos acusadores estivessem certos, então teríamos que dizer que Deus se contradiz, uma vez que, se em Dt 4, 18a diz para não se fabricar «representação de qualquer réptil que rasteje pelo chão», como pode mandar Moisés fazer a imagem de uma serpente em bronze e colocá-la sobre um poste, para que todo aquele que tivesse sido mordido e olhando para ela, vivesse? (Cf. Nm 21, 8)

Quando conversava com Nicodemos, o próprio Jesus, fazendo referência ao que estava para lhe acontecer, compara o facto ao episódio da imagem da serpente que Moisés fez no deserto, para nos ajudar a compreender a catequese da Cruz (Cf. Jo 3, 14-15).
Passando da análise e necessária compreensão dos textos bíblicos para o nosso próprio dia-a-dia, ocorre-me concluir com um episódio que comigo se passou (já lá vão uns anos):

Terminado o serviço militar obrigatório, encontrava-me a várias centenas de quilómetros de uma jovem por quem me sentia enamorado. Sentado à lareira, segurava nas mãos o que era a sua imagem, uma fotografia. Olhando para ela, contemplava-a de uma forma que, uma das vezes, até levou a minha mãe a dizer: “És um tolinho!...” Outras vezes, olhando-me, sorria, enquanto acenava ligeiramente a cabeça, quando eu encostava aquela imagem ao peito.

Acredito que nem a pessoa mais ingénua ousaria dizer que eu amava aquela fotografia. Ela apenas me servia para me ajudar a lembrar da minha amada, o que me fazia recordar como me sorria, como me segurava a mão, como me olhava, enfim, como ela era.
Pela mesma razão, passei mais tarde a trazer na carteira mais duas imagens. Quando por vezes estava fora de casa e olhava um pouco para elas, sentia o quanto amava quem nelas estava representado, os meus dois filhinhos e sua mãe (aquela cuja fotografia serviu para que a minha mãe brincasse com o meu “estado febril”).

Na nossa paróquia, será habitual lembrarmo-nos de Santo Estanislau? Pois... não há nenhuma imagem dele...

Sirva este trabalho para remoção de eventuais dúvidas suscitadas em vós e para glória de Deus.

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* Sistema moral que considera o prazer como o supremo bem a atingir.
** A Caldeia era uma antiga região a sul da Mesopotâmia habitada pelos caldeus, cujo nome foi mais tarde utilizado para designar toda a Babilónia.

José Augusto Santos
(Catequista)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Que a mulher seja reconhecida todos os dias

8 de Março, Dia Internacional da Mulher

A Mulher, foi o melhor que Deus deu ao homem. Que os dois vivam essa maravilha que é serem um para o outro, conceito bem diferente daquele que é serem um do outro, e deixará de se justificar um "Dia da Mulher", porque bem maior é a dignidade que lhe deve ser reconhecida em todo o momento, e não apenas numa determinada data.

Saiba o homem ser merecedor da Mulher, e Deus não lhe faltará.

Que a mulher, por sua vez, saiba encontrar em Deus o verdadeiro sentido da "igualdade", e assim contribuirá para a verdadeira complementaridade entre o feminino e o masculino.

Que Deus ajude a mulher, e a reconduza ao lugar que lhe destinara no momento da sua criação, que foi o ser uma bênção para o homem.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

S. Valentim - O pretexto para se festejar "um santo" que o comércio "abençoa".

Não deixa de ser curioso que seja uma cultura pagã quem mais evoca um Santo da Igreja Católica. Crentes ou ateus, todos "celebram" o dia 14 de Fevereiro como o dia de S. Valentim, ou dia dos namorados. Mas o que é que na verdade é celebrado? Para uma sociedade pagã, consumista, importa contar uma história que se adapte às suas conveniências, ainda que muito se fantasie, se invente, enfim, se crie uma história que muito pouco tem a ver com a realidade.

O que há de comum neste dia 14 de Fevereiro, é haver dois Santos com o nome de Valentim, criando-se uma lenda que mistura factos da vida dos dois, cuja história não está, aliás, perfeitamente esclarecida, fantasiando de forma a dar ao povinho uma história bem ao jeito das novelas, onde não podia faltar, como é óbvio, algo de romance (o que encontramos em alguns textos sobre S. Valentim). É, como nem podia deixar de ser, o que fica bem para uma “celebração comercial”.

Para não enfileirarmos nesse grupo que aceita tudo o que lhe é apresentado com todas as técnicas de markting, importa que saibamos o que nos dizem os livros aprovados pela Igreja sobre S. Valentim.

Dizem os hagiógrafos que, o primeiro, era sacerdote romano que fora preso no reinado do imperador Cláudio o Gótico. Tendo comparecido diante do imperador, confessou abertamente a sua fé e, interrogado sobre o que pensava de Júpiter e de Mercúrio, declarou que não passavam de personagens impudicas e desprezíveis.

Foi por isso de seguida entregue a um magistrado, de nome Astério, cuja filha adoptiva era cega. Curando-a, o sacerdote Valentim conseguiu dessa forma a conversão de Astério e toda a família. Ao ter conhecimento do facto, o imperador ordenou que o sacerdote fosse açoitado, quase até à morte, sendo de seguida decapitado na Via Flamínia, no ano 270.

Em honra deste mártir, mandou o papa Júlio I construir uma igreja no séc. IV, vindo a ser restaurada pelo papa Honório I no séc. VII, tornando-se depois disso um centro de peregrinações muito frequentado.

S. Valentim passou a ser evocado como padroeiro dos noivos e dos jovens que, ainda não sendo noivos, pensam em casar. Parece dever-se isto ao facto de o Santo, em épocas em que o seu culto esteve mais popularizado, ser festejado tradicionalmente nos países saxónicos (territórios que hoje compõem a Alemanha) na época em que os pássaros costumavam fazer seus ninhos e por isso, terá passado a ser considerado o padroeiro dos enamorados e noivos. É ainda invocado de modo especial para a cura da epilepsia, peste e desmaio.

O segundo S. Valentim foi prelado da Sé de Térni, na Úmbria (região no centro da Itália), desde o ano de 223. Informado das suas virtudes e milagres, um filósofo romano, chamado Crato, pediu que lhe fosse curar o filho, atacado de mal sem remédio. O bispo foi a Roma e prometeu que faria o que dele se esperava, desde que o pai e restante família se convertessem. A condição foi aceite e cumprida; e até se excedeu o prometido, pois renunciaram aos deuses e abraçaram a fé cristã três jovens atenienses, discípulos de Crato, ao verem que pelos seus deuses jamais obteriam a cura operada através do bispo Valentim. Quando o prefeito Abúndio soube o que se tinha passado, mandou decapitar o bispo. O seu corpo foi em seguida levado para Térni por alguns atenienses convertidos. S. Valentim é ainda hoje honrado como patrono da cidade.

Quão triste não se sentirá nesta data o Santo, ao ver o seu nome evocado em todo o mundo por razões que nada têm a ver com religião, e muito menos com qualquer apelo à santidade.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Testemunha da existência da rede clandestina de Pio XII

No seguimento do "post" anterior, transcrevo agora, integralmente, este outro texto da Agência ZENIT, depois de alguns ajustamentos para o Português de Portugal.


ZP10011413 - 14-01-2010Permalink: http://www.zenit.org/article-23795?l=portuguese

A "prova viva" da existência da rede clandestina de Pio XII em auxílio dos judeus

Entrevista com um de seus membros, o padre Giancarlo Centioni
Por Jesús Colina

ROMA, quinta-feira, 14 de Janeiro de 2010 (ZENIT.org).- Alguns setores da opinião pública têm pedido, em semanas recentes, provas da ajuda oferecida por Pio XII aos judeus durante a perseguição nazista. O sacerdote italiano Giancarlo Centioni, 97 anos, é uma das provas vivas, já que é o último membro vivo da rede clandestina criada pelo Papa Pacelli.

Entre 1940 a 1945, Centioni foi capelão militar em Roma na Milícia Voluntária pela Segurança Nacional, tendo vivido com sacerdotes alemães da Sociedade do Apostolado Católico. “Na condição de capelão fascista, era mais fácil para mim ajudar os judeus ", disse ele, explicando por que foi escolhido para participar da arriscada operação.

“Meus colegas sacerdotes palotinos provenientes de Hamburgo tinham fundado uma sociedade denominada "Verein Rafael '(Society of San Raffaele), criada para prestar auxílio aos judeus", revelou.

Um dos objetivos da rede era dar suporte à fuga de judeus da Alemanha, através da Itália, em direção à Suíça ou Portugal, motivo pelo qual a rede contava com membros nos quatro países.
Na Alemanha, lembra o padre Centioni, a sociedade era dirigida pelo padre Josef Kentenich, conhecido em todo o mundo como o fundador do Movimento Apostólico de Schönstatt.

Posteriormente, este sacerdote acabou sendo preso e mantido num campo de concentração até o final da guerra.

“Em Roma, o líder de todas estas atividades era o padre Anton Weber, o qual tinha contato direto com Pio XII e sua secretaria”, explicou.

Uma das principais atividades da rede consistia em obter passaportes para que as famílias judias pudessem deixar a Alemanha.

“Estes passaportes eram obtidos diretamente da Secretaria de Estado de Sua Santidade, pela intervenção direta do próprio Pio XII”, acrescentou.

“Comigo atuavam ao menos 12 sacerdotes alemães em Roma”, prosseguiu o padre, explicando que a rede recebia também uma ajuda decisiva da polícia, em particular do chefe adjunto de Mussolini, Romeo Ferrara, que lhe informava o local onde estavam escondidas as famílias judias para que pudessem levar os passaportes " – “mesmo à noite”.

Padre Centioni lembra uma dessas ocasiões, em que o policial o enviou durante a noite, advertindo-o para ir vestido com os trajes de Capelão para que “não fosse preso por soldados alemães”, a uma casa na qual estava escondida uma família judia de nome Bettoja.

O sacerdote diz lembrar “nitidamente” do medo e das dificuldades na operação, inclusive por parte das famílias que ajudava. “Bati à porta, mas não quiseram abrir. Disse então que não temessem, pois era um capelão e vinha para ajudar, para trazer os passaportes”; “juro, vocês podem ver através do olho-mágico da porta”, e então foi finalmente recebido pela senhora Bettoja com as crianças.

“Disse a ela: saiam amanhã antes das 7 em seu automóvel, porque às 7 poderão cruzar a fronteira pelo Lácio em direção a Gênova”. Fugiram e se salvaram. “Foi uma das tantas famílias”, disse.

As atividades da rede se iniciaram antes mesmo da invasão alemã na Itália, lembra o padre Centioni, e prolongou-se "até onde eu sei, até depois de 45, porque as relações do padre Weber com o Vaticano e os judeus eram muito vivas”.

"Entre aqueles que posteriormente colaboraram conosco, havia dois judeus que escondemos: um homem de letras, (Melchiorre) Gioia, e um grande músico e compositor de Viena, autor de canções e operetas, Erwin Frimm”.

“Todas pessoas de coragem”, disse. “Nos ajudaram muito com informações precisas” - reconheceu” – “mesmo colocando sua própria vida em risco”.

“Ajudei Ivan Basilius, um espião russo, que eu não sabia que era russo nem espião; era judeu. Foi preso pela SS e nas revistas, encontraram meu nome em suas anotações. Então, convocou-me a Santa Sé, sua excelência Hudal [alto e influente prelado alemão em Roma], dizendo: “venha para cá, pois a SS quer prendê-lo”. Perguntei: “Mas o que fiz?” - “Você ajudou um espião russo”. “Eu? Quem é?” - Então escapei.

Pe. Centioni, como capelão, conheceu pessoalmente o oficial alemão Herbert Kappler, comandante da Gestapo em Roma e autor do massacre das Fossas Ardeatinas, no qual 335 italianos foram assassinados, entre os quais muitos civis e judeus.

“Durante a invasão alemã, logo após a carnificina, perguntei a Kappler, a quem via com freqüência: por que não chamaram os capelães militares para as Fossas Andreatinas? E ele me respondeu: porque teria eliminado também eles”.

Pe. Centioni assegura que as centenas de pessoas que pôde ajudar tinham conhecimento de quem estava por trás de tudo. “Quem os ajudava era o Papa Pio XII, por meio de nós sacerdotes e da Raphael's Verein”, e através dos Verbitas, sociedade alemã em Roma. A entrevista foi concedida à Agência ZENIT e à Agência H2ONews (http://www.h2onews.org/) e publicada nesta quinta-feira.

O caso do padre Centioni foi descoberto e investigado pela fundação Pave the Way (http://www.ptwf.org/), criada pelo judeu nova-iorquino Gary Krupp.

Os relatos de Centioni são corroborados pela condecoração a ele concedida pelo governo polaco (“a cruz de ouro com duas espadas”, “pela nossa e pela vossa liberdade”).

O sacerdote citou outras expressões de gratidão por parte de algumas das pessoas que ajudou: os senhores Zoe e Andrea Maroni, os professores Melchiorre Gioia e Aroldo Di Tivoli, e as famílias Tagliacozzo e Ghiron, cujos filhos puderam se salvar, alcançando os EUA, com passaportes e recursos disponibilizados pelo Vaticano.

A entrevista pode ser assistida no site: http://www.h2onews.org/.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Destacado judeu rende homengem a João XXIII

Depois de muitas críticas já se terem ouvido por alegado silêncio da Igreja Católica em relação ao sofrimento do povo judeu no século XX, impõe-se-nos que atendamos à opinião de um digno representante desse povo irmão. Para o efeito, transcrevo na íntegra o artigo publicado pela ZENIT no primeiro dia deste ano de 2010. Vale a pena repensar a forma como aceitamos ideias veiculadas pela maledicência que quase sempre procura encobrir-se com a capa da seriedade.

ZP10010103 - 01-01-2010Permalink: http://www.zenit.org/article-23687?l=portuguese

Homenagem de um candidato ao Nobel da Paz, judeu, a João XXIII

Baruj Tenembaum, um “descendente de escravos”

ROMA, sexta-feira, 1 de janeiro de 2010 (
ZENIT.org).

Entre os primeiros candidatos ao prêmio Nobel da Paz, atribuído este ano ao presidente Barak Obama, encontrava-se Baruj Tenembaum, criador da Fundação Internacional Raoul Wallenberg.

ZENIT perguntou a Tenembaum, judeu de origem argentina, pioneiro do diálogo inter-religioso deste os tempos de Paulo VI, por que, segundo ele, tanto interesse por sua figura e obra.

“Quem sou eu?”, pergunta-se com simplicidade Tenembaum. “Não me referirei concretamente ao sucedido pois não me considero tão importante”.

“Concretamente, sou descendente de escravos, daqueles judeus que trabalharam no Egipto sob o jugo dos faraós, e que foram libertados por Moisés.”


“Sou tão judeu como os que foram expulsos de Jerusalém quando se destruiu o Primeiro Templo, e logo o Segundo”, segue explicando.

“Tão judeu como meus irmãos que foram expulsos de Portugal e da Espanha”, “como os que foram perseguidos na Europa”, “como aqueles seis milhões aniquilados pelos Hitlers, no plural”.

“Sou um simples filho de colonos que dedica sua vida a agradecer aqueles seres humanos que salvaram vidas, que se arriscaram. Os Wallenberg, Souza Dantas, Sousa Mendes, mais de 20.000 gentios, não judeus, a quem devemos gratidão, recordação, a educação a nossos descendentes.”

Deste modo, confessa, pôde descobrir nos arquivos o alcance da figura de Angelo Roncalli (João XXIII), que durante a Segunda Guerra Mundial, sendo representante diplomático de Pio XII em vários países, realizou uma corajosa obra de ajuda a judeus perseguidos.

“Não podemos deixar de nos emocionar com lágrimas que escapam dos olhos quando nos inteiramos das acções que esse filho do povo italiano, simples, humilde, grande, executou em circunstâncias totalmente adversas para salvar, por exemplo, crianças expostas à sombra do inferno; rompendo, destruindo preconceitos, indo além do que supõem ou indicam as regras.”

“A cada momento imaginamos Roncalli rezando, também na presença de terceiros, pedindo a seu chofer que se detenha em frente à sinagoga de Roma para rezar ‘por meus irmãos judeus’”, explica Tenembaum.

“Ou quando recebeu no Vaticano um delegação de judeus, levantou seus braços e exclamou desde a cadeira papal, citando a Bíblia: ‘Sou José, vosso irmão’”.

“Então, novamente: quem sou eu? O que sobrevive, o que fica; o importante, o nobre é destacar o que ‘sobre-vive’, por exemplo: Angelo Roncalli”.