Conheceram-se na catequese de adultos há meia-dúzia de anos, e no dia do
seu aniversário, em vez das habituais palavras que nestes dias costumamos
dirigir aos aniversariantes, recebeu ela do seu catequista um mail cujo assunto faz o título desta
publicação.
«Amada irmã em Cristo,
Desde há uns
dias a esta parte, atendendo ao facto de haver situações muito, muito difíceis
com pessoas muito próximas, o viver as suas dores parece ter-me deixado
"cansado". E hoje, logo depois do levantar, ao pensar que palavras
poderia dirigir-te neste dia do teu aniversário natalício, sentia como que uma
espécie de secura...
Como faço todos
os dias, ainda antes de sair do prédio benzo-me, e, começando pelo Credo,
o "Símbolo dos Apóstolos", inicio a oração mais simples e mais
agradável a Nossa Senhora, o Terço, enquanto caminho até ao Metro. Uns metros
abaixo, ao chegar à passadeira aérea para os peões, passa por mim a correr um
lindo gato, malhado em cores de amarelo, branco, e preto ou castanho, não sei.
Conforme ia a correr assim se lançou a atravessar a via, no momento em que
tanto de um lado como do outro circulavam carros. Escapou-se dos que desciam,
mas não teve a mesma sorte com os que subiam. Um apanhou-o, ficando o pobre
animal debaixo do carro, por o condutor ter parado. Deixou o carro descair, e
pude ver o bichinho a espernear. Tentei chamar o condutor para que não
reiniciasse a marcha antes de eu retirar o pobrezinho, mas nem ele se apercebeu
de mim nem eu pude atravessar logo, porque outros carros que desciam me
impediram. Passei para o outro lado, e um condutor que subia parou para eu me
dirigir ao gatinho. Peguei então nele e retirei-o, pensando poder ainda
valer-lhe quando me dirigia para ele, mas o sangue que já tinha derramado
mostrou-me que o quadro era muito grave. Pousei-o com cuidado junto à pequena
árvore do outro lado, e "ralhei-lhe", enquanto as lágrimas me caíam:
- Caramba, seu tonto, caramba!... E ao pousa-lo vi que já estava morto.
Continuei na
minha "acidentada" caminhada, e enquanto rezava as Ave-Marias da
primeira dezena, dou comigo a ter que limpar as lágrimas várias vezes e a
interrogar-me do por quê de eu ter ficado assim, quando se tratava de um animal
e que eu nem conhecia... Foi então que percebi o que Nosso Senhor me queria
dizer ao “colocar-me” no acidente:
Se uma pessoa que
passa e vê um animal a morrer atropelado e sente o que eu senti com esta
experiência, como não se sentirá Deus Pai, ao ver um filhinho Seu MORRER?
Entende que aqui quero dizer, cair para todo o Sempre no Inferno. E
contrariamente aos impostores que estão em força e em número na Igreja de
Cristo a fazerem com que toda a gente creia apenas na misericórdia de Deus, o
que o inviolável tesouro que é o Depósito da Fé nos diz é que, todo o que
chegar ao momento de deixar este corpo estando em pecado mortal vai para o
Inferno.
Para não me
alongar mais, neste dia do teu aniversário reitero o amor que em mim Jesus fez
nascer por ti quando quis que os nossos caminhos se cruzassem. É pois com esse
amor que eu peço ao Bom Deus que te proteja e te guarde de todo o mal, te dê a
força e a coragem para seguires pelo caminho estreito, para que assim possas
viver a alegria da Liberdade que só em Deus é possível viver, experimentando
aqui o que pode ser uma amostra do que é um dia viver no Céu.
Na Santa Missa
de hoje, se alguém reparar nas lágrimas que não consiga ocultar, verão lágrimas
de Amor pela minha (…).
Que Deus te abençoe, hoje e por muitos e felizes anos!»