Querida Igreja Católica,
Como um ex-homossexual que voltou para vós à
procura de Deus, eu gostaria que soubésseis que não, vós não me deveis nenhum
pedido de desculpas. Nunca, por nenhum momento, em meus 43 anos levando um estilo de vida
homossexual, eu me senti marginalizado pela Igreja. A Igreja nunca me abandonou. Jamais eu senti como tivesse
sido desamparado. Fui eu quem me desamparei a mim mesmo. Nem por uma vez sequer
eu me senti rejeitado pela Igreja, como se não tivesse lugar nela. Vossas portas sempre estiveram
abertas para mim. Fui eu quem as atravessei e fui embora.
Vós tendes de saber que não houve um só dia, em
meus 43 anos, em que eu não reconhecesse o quão ofensivo a Deus era o meu
comportamento. Olhando para trás, posso dizer honestamente que o obstáculo
entre Deus e eu, posto por mim mesmo, constituiu um de meus maiores
sofrimentos. O que me manteve afastado da Igreja foi a minha estupidez e o meu
sentimento de culpa. Vós me destes a verdade e eu a rejeitei.
Como isso pôde ter acontecido? Muito simples. Eu usava desculpas. Insistia em que
não detinha nenhum autocontrole sobre meu pecado. Entrei numa mentalidade de
que talvez, por acaso, um Deus amoroso estivesse bem com tudo o que eu estava
fazendo. Qualquer que fosse a verdadeira razão para isto, achei muito mais fácil ocultar
toda a minha culpa no recanto mais escondido da minha consciência. E, então, por 43
anos, todo aquele pecado e toda aquela culpa permaneceram empoeirados e sem arrependimento algum.
Obrigado
por me dar a coragem de proclamar o que me tendes ensinado há tanto tempo. Vós
não me deveis nada. Sou eu quem vos devo tudo. Vós não me deveis nenhum pedido de
desculpas. Fui eu quem ofendi a Deus, a sua Igreja e os seus ensinamentos. Fizestes a vossa parte. Proclamastes a verdade na caridade,
mas eu a ignorei. Eu tenho e assumo a total responsabilidade por meus caminhos
pecaminosos. Fui eu quem rejeitei as muitas cruzes que o Senhor me deu. Fui eu
quem enfrentei meus demónios. Fui eu quem rejeitei a salvação que vós me oferecestes.
Ao longo de meus 43 anos afastado da Igreja,
Deus concedeu-me uma cruz após a outra e eu as rejeitei todas. Foi só em 2008, quando contraí
o vírus da SIDA, que se abriram as comportas de minha consciência. Foi naquele dia
que eu percebi o quanto precisava de vós. Era chegada a hora de eu arrastar os
meus pecados empoeirados e atravessar aquela porta que sempre esteve aberta
para mim por tantos anos.
Obrigado por me terdes acolhido de volta.
Obrigado por me dar a coragem de proclamar o que me tendes ensinado há tanto
tempo. Vós não me deveis nada. Sou eu quem vos devo tudo.
Não, a Igreja não deve aos homossexuais um
pedido de desculpas. As portas estão abertas. Aceite a verdade na caridade e
saiba que Deus sempre o ajudará a carregar a sua cruz. Tome a sua cruz como eu
tomei. Deus está esperando. Não tenha medo. A Igreja não é sua inimiga.
Eu estou velho agora e bastante afetado por
problemas de saúde. Mal sou capaz de carregar a minha cruz. Mas eu estou onde eu quero
estar. Perto de Deus, próximo de sua Igreja e adorando a verdade que eu
rejeitei por tantos anos.
A Igreja deve pedir desculpas, no entanto, por
seus padres e bispos favoráveis à homossexualidade, os quais estão colocando as
almas dos homossexuais em grande perigo, por não dar a eles a verdade do Evangelho.
Em Cristo,
Ir.
Christopher Sale
Fundador dos Irmãos do Padre
Pio