No dia 13/01/2015, à hora do almoço, o
catequista da Sofia recebia dela a seguinte comunicação:
«Peço desculpa mas não poderei ir à
catequese amanhã. Infelizmente sofri uma perda espontânea do feto e estou a
passar por uma situação física e psicológica bastante exigente.»
Naquele dia à noite, depois da Santa
Missa, o catequista procurou saber junto dos pais da Sofia onde morava aquela
jovem esposa, baptizada há alguns meses, pouco antes de casar, e foi ao seu encontro. Como não bateu à porta certa, ainda tentou ligar-lhe, mas tinha o
telemóvel sem bateria…. Bateu então a outras portas, mas nenhuma delas era a da
Sofia…
De volta a casa, dirigiu-lhe as seguintes
palavras:
«Boa noite, minha QUERIDA.
(…) Queria muito estar contigo, meu amor,
para tentar comunicar-te o Amor que Deus tem por ti e assim ajudar-te a
recuperar a Paz.
Mesmo agora, ao escrever estas palavras,
as lágrimas dificultam-me a escrita... Era tão grande o desejo que eu tinha de
te abraçar, jóia preciosa de Jesus...
Não te entregues à angústia. Confia que
Deus tem o melhor para ti, ainda que neste momento esses sinais não sejam
visíveis.
Na Santa Missa de hoje, tive-te
particularmente no meu diálogo com Jesus, assim como a outros nossos
"meninos", também necessitados das graças de Deus, mas foi
especialmente sobre ti que eu pedi que os efeitos do Divino Sacrifício se
manifestassem particularmente.
Vá, minha querida... Vamos em frente!...
Quando os nossos desejos estão de acordo com o que é a vontade do
Criador, Ele não deixa Seus créditos por mãos alheias. :)
Confia, Sofia! Confia!
Que do Céu desça sobre ti a protecção, a
Paz, o Amor e a Prosperidade que o Senhor tem para derramar sobre as almas que
Lhe são fiéis.
Que os anjos velem por ti.»
No dia seguinte,
«Bom dia Querido Zé.
(…)É um momento triste mas não posso dizer
que esteja magoada com Deus. Não o poderia fazer. Ele ajuda-me todos os dias.
Não ha um único dia em que Ele não pense em mim. Ele gosta de mim e eu gosto
d'Ele. E é o meu Pai, nunca me iria chatear com o meu próprio Pai porque tal
como o meu pai "terrestre" que sabe sempre o que é melhor para mim,
este nosso Pai Celeste também o sabe. Aliás sabe-o em primeira mão.
A ciência diz que nestes casos o que é
mais comum é existir uma malformação do feto e por isso o próprio corpo
incumbe-se da tarefa de o expulsar.
Eu adiciono o facto de Deus preferir
dar-me um pouquinho de sofrimento com uma perda de um bebé do que dar uma vida
de sofrimento a um bebe que provavelmente nasceria com problemas.
E digo "sim" à escolha de Deus
sem lhe virar as costas porque se Ele quis assim, tinha mesmo de ser assim.
Li uma pequena história na internet que
falava das "Mães de anjos" não sei de onde vem, não sei quem a fez
mas a mim soube-me tão bem. Soube-me melhor do que os estudos científicos.
Queria enviar-lhe mas como já não encontro faço aqui um breve resumo.
"Deus vendo algumas mulheres com uma
enorme vontade de ser mãe chamou alguns anjos e disse-lhes que entrariam na
vida daquelas mulheres. Dar-lhes-iam a notícia de que seriam mães, mas esta
alegre notícia não tinha um final feliz dado que tempos depois os anjos
voltariam ao Céu.
Um dia, um dos anjinhos vendo as mães tão
tristes quando estes voltavam ao céu perguntou a Deus "Meu Deus porque
fazes isto? Porque lhes dás uma alegria tão grande para depois sofrerem
tanto?" E Deus disse "estas mulheres serão mães no futuro mas com a
vossa chegada aos corações delas elas aprenderam o que é o amor eterno e
incondicional. Virão novas crianças mas nunca se irão esquecer destes anjos que
virão partir. Irão amar eternamente os anjos independentemente de toda a
família que criarem.
Vocês ensinaram-lhes o que é o amor
eterno!"
Querido Zé, eu não estou triste com Deus.
Estaria se ontem me tivesse deixado internada no hospital com anemia. Mas não,
nem com hemorragias enormes ele me deixou ficar no hospital. Trouxe-me para
casa, deixou-me descansar e deu-me um beijo de boa noite, e é nesta pequenez
que eu gosto tanto, tanto d'Ele".
Um beijinho grande,
Sofia»
E por fim,
«Oh, minha Querida Sofia!...
Se eu fosse responsável por formar
catequistas de adultos, para a teologia do amor e do sofrimento, além de
algumas obras de referência, apresentava-lhe como obrigatória a grande obra
aqui sintetizada na tua carta.
Sua tão grande importância não pode ficar
apenas comigo, pelo que te peço que me autorizes a usá-la para publicar no meu
blog, (…).
Minha Querida: São corações como o teu que
me ajudam a ver a minha pequenez e me impelem para o indizível mistério do Amor
de Deus por nós. Obrigado!