Recebi há algum tempo atrás um e-mail, quiçá da autoria de algum professor, cujo assunto era SER PROFESSOR EM PORTUGAL. Tratava-se de uma apresentação em power point, onde o seu autor ia descrevendo o quão difícil é ser professor em Portugal.
Porque tenho acompanhado de perto o trabalho destes profissionais, não apenas por via dos meus filhos mas também de outros, ao reencaminhar o referido e-mail, juntei-lhe o meu comentário, que foi o seguinte:
Olá, amigos.
Depois de ler toda a mensagem em anexo, não sendo eu professor, mas um pai que anda há quinze anos a caminhar para as escolas como Enc. Educação, não podia deixar de vos transmitir um afectuoso abraço de solidariedade e compreensão. Coragem, amigos. Como eu, muita gente vos admira, ainda que o som que vos chegue seja quase sempre das vozes discordantes.
Não vos deixeis abater pelas difíceis contrariedades, mesmo por aquelas que vêm da área política. Tende sempre presente que, não obstante o estardes a ser alvo de "julgamento" por parte de várias pessoas ou grupos, o julgamento que devereis ter como mais importante, porque esse tende a ser sempre de grande justiça, seja ela contra ou a favor, é o da vossa consciência, e os resultados falarão por si.
Àqueles que já cederam ao desânimo porque vêem toda uma conjuntura desfavorável ao exercício da sua docência, também a minha palavra de compreensão. Mas vós, particularmente, muni-vos das forças necessárias para sairdes desse "estado" que vos arrasta para uma cada vez mais profunda insatisfação pessoal, pois é aí que começa todo o perigo que os vossos detractores transformam em arma contra toda a classe. Vós os descontentes, abatidos, desanimados, erguei-vos, e mostrai a todos os detractores que, por mais sábios ou doutos que eles sejam, foram os professores quem os ensinou, devendo por isso ser-vos reconhecidos, em vez de tantos sinais contrários que chegam em certos casos à hostilização.
Queridos professores, pudesse eu ser o bálsamo para as feridas que mais vos afligem, mas mais não posso fazer do que o dirigir-vos estas palavras de profundo respeito e reconhecimento. Que Deus vos fortaleça para esta tão nobre tarefa de ajudar sobremaneira a construir uma sociedade mais positiva.
Não esqueçais que é o vosso empenhamento e o vosso exemplo que muito podem marcar aqueles que vos são confiados. E porque nestes últimos quinze anos também eu fui por vós marcado positivamente, peço a Deus o melhor para vós e para os vossos lares.
Um pai reconhecido,
José Augusto Santos
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P. S. - Se alguém achar oportuno fazer chegar este texto à Sra. Ministra da Educação, ela poderá ver qual a "avaliação" que este Enc. Ed. faz aos professores.
1 comentário:
Tenho a ideia que a questão do ensino no Portugal democrático tem sido muito deturpada por interesses instalados, e agarrados, só a Direitos adquiridos sem acolherem os consequentes e indispensáveis Deveres.
Não me parece que o que tem estado em causa, nos últimos anos, seja a dignidade da profissão de professor.
O que me surpreende é que no conjunto de tantas estruturas sindicais, e num meio intelectualmente tão elevado, nunca se tenha feito chegar eco ao País duma preocupação e duma discussão genuinas sobre os motivos do insucesso escolar, dos últimos lugares em todas as estatísticas, da iliteracia, do abandono escolar, da indisciplina, etc., etc,, etc..
Quando ouviremos alguém falar deste tema assumindo as responsabilidades próprias e os deveres dos docentes, de dar contribuições bem fundamentadas e articuladas para alterar tudo o que permanece mau e errado na nossa Educação?!
Não são professores que têm estado com o monopólio dos Conselhos Directivos nas escolas?! Não são professores que se encontram destacados no Ministério a elaborar reformas, curriculos e metodologias do ensino?!
O que faz falta é aprender com o passado e construir um futuro efectivamente melhor. Quem passou pela experiência de encarregada(o) de educação sabe muito bem que toda a “máquina” da Educação é pouco eficiente, muito permissiva e pouco dinâmica.
Há excelentes profissionais...mas também há muitos que não se percebe como é possível continuarem no activo.
Os resultados concretos destes últimos trinta anos, e as avaliações externas da CE, mostram que o caminho não são as recriminações mútuas, mas reformas profundas...doa a quem doer.
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