Em cada campanha eleitoral para as legislativas, não
se esquecem os políticos de apelar ao voto, cada um no seu partido, obviamente.
E lá para o final, porque já “gastaram os cartuchos”, resta-lhes apelar ao
dever cívico dos portugueses, no sentido de reduzirem as sempre grandes
percentagens de abstenção.
E para ajudar, este ano surgiu-lhes aquilo que pensam constituir
uma pequena dificuldade para a adesão às urnas: o calendário futebolístico.
Atendendo a que cada partido irá receber mais de três euros por cada voto (dinheiro
que sairá sempre do bolso do contribuinte), fico cá com a pulga atrás da
orelha quanto às reais ou primeiras preocupações dos partidos relativamente à afluência
às urnas.
Formas de encaixe financeiro à parte, penso que as
eleições deveriam deixar de ser aos domingos e passar para outro dia, aí pelo
meio da semana. E para acabar com as habituais questiúnculas pós eleitorais, em
que há sempre quem diga ao outro que, se não vai votar não temo o direito de se
queixar, e acabar ao mesmo tempo com a grande abstenção, o acto de votar deveria
ser obrigatório. Claro que a medida não iria agradar aos patrões, porque teriam
que dar a manhã a uns e a tarde a outros, para cumprirem a sua obrigação.
Com esta medida se ficava realmente a saber qual o
partido que mais representava a vontade de todos os portugueses. Enquanto o
voto não for obrigatório, arriscam-se os partidos a terem cada vez menos
cidadãos a irem às urnas.
Outra mudança que deveria ser introduzida é a forma
de representatividade. Deveriam ser os eleitores a escolher os seus candidatos,
e não os partidos que internamente negoceiam quem é colocado na lista, em
primeiro, em segundo, em terceiro ou quarto lugar. Com as nomeações internas
para tais posicionamentos na lista, são os partidos que impõem os seus meninos aos
que neles votaram, e depois têm a lata de dizer que este ou aquele que
conseguiu as mordomias parlamentares, foi eleito pelo povo…
Eu penso que não. Quem os elegeu foi a máquina
partidária, porque ao povo apenas é dada a possibilidade de eleger o partido.
Desta forma continuaremos a assistir a esta tão enviesada forma de democracia, onde
os partidos aproveitam para, sabe-se lá porquê, pôr esta ou aquela figura neste
ou naquele círculo eleitoral, como se os meninos conhecessem a realidade da
região, para poderem defender os seus legítimos interesses no parlamento…
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