sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Se quer um dia chegar ao Céu, fuja do modernismo!

Com base na ideia generalizada de que não nos devemos prender a regras rígidas, aceitamos ser flexíveis. Mas como não possuímos uma chave que nos permita aferir com precisão em que situações devemos usar dessa flexibilidade, usa-la em eclesiologia é correr o risco de abrirmos a porta ao liberalismo doutrinal e teológico.

A pessoa que não vigia atentamente nesse sentido fica permeável ao erro daí decorrente. É o que acontece hoje com tantos membros da Igreja, para os quais o conceito de tolerância os leva ao facilitismo, ambos fruto do modernismo que parece ter-se institucionalizado e contra cujos erros já grandes timoneiros da Barca de Pedro, como o Papa S. Pio X na Pascendi Dominici Gregis, se pronunciaram condenando-os.

No que diz respeito à liturgia, pode dizer-se que assistimos, numas paróquias mais do que noutras, a ensaios permanentes do que fora redigido no guião da Maçonaria, o "Masterplan para destruir a Igreja" (leia o seu capítulo VIII). Tal como aí fora planeado, tudo tende a convergir para a comunidade e não para Deus. As próprias celebrações permitem que as pessoas tenham alguma visibilidade, secundarizando os mistérios sagrados, o que origina um mal de que passa a sofrer a maioria dos que compõem a estrutura.

Isso leva a que os primeiros a ficarem fragilizados sejam os que foram ordenados para serem curadores de almas. E por essa sua fraqueza, ficam os fiéis praticamente entregues à sua sorte, permeáveis ao espírito do mundo, à incisiva e cada vez mais astuta influência em nós. Sinal disso mesmo é quando passamos a aceitar que, práticas como o Reiki, Yoga e outras da Nova Era, não são incompatíveis com a vida Cristã. É assim que, contaminados com tão grave vírus que entra em nós pelas sugestões do mundo, levamos para a Igreja o que vivemos na mundanidade.

Antes era na Igreja que encontrávamos os valores que norteavam a vida em família e em sociedade. Hoje, porque nesta o peso dos católicos é cada vez mais diminuto, invisível, inconsequente, já não são os católicos a influenciarem a sociedade mas a sociedade a moldar os católicos.

Um exemplo simples: Há umas décadas, porque da Igreja as pessoas levavam para o seu dia-a-dia a moral Cristã, ninguém se coibia de demonstrar a um adolescente quão reprovável poderia ser uma sua má acção ou comportamento. Estes, vendo-se constrangidos pela vergonha, até o acto de fumar um cigarro tinha que ser às escondidas de toda a gente. Agora, ver crianças com doze ou treze anos com um cigarro na mão e, já nessa idade, em actos lascivos a excitarem a sua sexualidade, tolera-se, ao ponto de termos que lhes pedir licença para nos permitirem a passagem numas escadas ou no passeio.

Quiçá pela crise de fé que está a abalar a Igreja, fruto também dos factores que acabo de referir, mas não essencialmente, os responsáveis se tenham visto na necessidade de adoptarem novas medidas no sentido de evitarem que as igrejas venham a "ficar às moscas", como já acontece em tantas comunidades.

O que se vê nas áreas mais populacionais, é os párocos a desdobrarem-se em ideias para atraírem mais pessoas à Igreja, principalmente os jovens. Falham porém e redondamente pelo método. Parece que saem dos seminários com um programa de software que alguém lhes implantou no cérebro enquanto dormiam para que tenham uma imagem diferente do que é ser igreja hoje, imagem de uma igreja que não deve criar barreiras ao espírito do mundo, uma igreja onde cabem todos para se dizer moderna. Estes padres, que no seminário adormeceram quando era a hora de estarem vigilantes, não conseguem ver que estão a desfigurar a Igreja. Seu ministério mais se parece com o de um simples funcionário do mais importante museu do mundo, que substituindo o director numa ausência mais prolongada, põe no sótão as mais ricas e belas obras do museu e substitui-as por outras de arte abstracta e grotesca.

Em suma, é neste modernismo que estão a conduzir o povo de Deus para uma igreja sem Tradição e sem Doutrina, porque o manual pelo qual se regem, que é o relativismo, substitui a Verdade pela opinião da sociedade. E o resultado é aquele que vemos: a ascese para a santificação já não é necessária; e o pecado, bem… como todos se salvam, deixa de fazer sentido andar a falar de pecado. E se inevitável for fazer alguma alusão a ele, aligeira-se a coisa e fala-se simplesmente em faltas.

É este o “evangelho” dos modernistas. Segundo eles, pecado é coisa que persiste apenas na cabeça dos beatos que em seu radicalismo se negam a acompanhar os tempos; tempos onde já não cabem as verdades definidas como tal pelo Sagrado Magistério. E assim já não se fala em heresias, ao se contornarem ou negarem explicitamente vários Dogmas de Fé.

Contrariamente aos poucos que à semelhança da virgens prudentes sempre estiveram vigilantes e se tornaram padres que fazem do seu ministério uma bússola que orienta para Cristo, os padres modernos apontam, uns para eles mesmos, e outros, pouco mais sãos, para um espírito comunitário que faz da Igreja um mero conjunto de grupos paroquiais onde as pessoas se sintam bem, como se a realização de um sacerdote de Cristo passasse pelas dinâmicas introduzidas para ter uma paróquia muito activa.

Assim fica o povo de Deus, numa igreja onde, sem a Sagrada Tradição, sem Dogmas e sem Doutrina, os Mandamentos dão lugar à fraternidade e à tolerância para com todos. Sim, tolerantes para com todos os pecadores que, arrependidos, querem fazer caminho na Igreja e procuram a Verdade, porque fora disso, tolerar é ser cúmplice no pecado. E para que não haja dúvidas quanto ao erro que os modernistas têm vindo a infundir em nós quando nos pretendem calar com a frase, “ninguém pode julgar”, é a própria Palavra de Deus que nos diz: «Porventura, compete-me, a mim, julgar os de fora? Não são os de dentro que tendes de julgar? Os de fora, Deus os julgará. Afastai o mau do meio de vós.» (1cor 5, 12-13).

Acolhidos e promovidos os que bebem a teologia dos padres modernistas, são afastados os que a contestam, rotulando-os de beatos, radicais, conservadores e sei lá mais o quê, ficando espaço apenas para os que são capazes de servir com uma “mente aberta”, os que praticam uma moderada forma de devoção, que é como dizer: fazer como todos fazem, viver a sua vidinha e nada mais, porque os erros dos outros é lá com eles.

Em comunidades assim, onde “todos cabem” e encontram “palco” os que têm mais jeito para “artista”, não é invulgar vermos pessoas com uma estranhíssima devoção. Não me refiro àquelas que num dia acendem uma vela a Santo António, e no outro ao Dr. Sousa Martins (maçon a quem os espíritas prestam grande culto), mas às que têm grande devoção por si próprias.

E assim se vai arrastando o povo de Deus, em tantas paróquias onde não há padres que sejam a tal bússola a indicar o caminho que conduz à porta estreita da salvação.

Como no Céu não se entra em grupos como numa excursão, de nada valendo dizermos que somos dos que vão à Missa ou participamos muito na vida paroquial, cabe a si, caríssimo leitor, aprofundar o conhecimento da Verdade que o ajudará a caminhar com segurança na Igreja que é Una, Santa, Católica e Apostólica.

Decida-se, e o Senhor lhe concederá as graças necessárias.

Sem comentários: